terça-feira, 28 de dezembro de 2010

A CONDENAÇÃO DE KHODORKOVSKI



UM POST SOBRE UM ASSUNTO QUE DESCONHEÇO

É isso mesmo: não sei nada sobre Khodorkovski, excepto o que toda a gente sabe. Que é um oligarca russo, daqueles que se apropriou dos bens do povo, na tristemente célebre “transição” do socialismo para o capitalismo, à semelhança de muitos outros que por lá andam em liberdade.
Segundo se diz, teria, além daquele crime, pelo qual ninguém na Rússia foi punido, cometido outros…depois de estabilizada e institucionalizada a nova ordem. Os tribunais russos deram como provado em 2005 vários delitos económicos (desvio de fundos, branqueamento de capitais, evasão fiscal, etc.) e condenaram-no, após recurso, a oito anos de cadeia.
Em 2007, o referido ex-oligarca (entretanto a sua grande empresa petrolífera foi nacionalizada) e Lebedev foram acusados de novos delitos pelos quais acabam de ser condenados.
Antes da leitura da sentença, Putin disse, num programa televisivo, que “o lugar dos ladrões é na cadeia”.
Sabe-se também que o dito ex-oligarca recolhe grandes simpatias no Ocidente, entre todos aqueles que perseguem o insano propósito de fazer da Rússia uma qualquer Estónia, ou, dito de outro modo, de fazer regressar a Rússia à era Yeltsin.
Os muito sensíveis ouvidos ocidentais que, de Berlim a Washington, passando por Londres e Paris, acolitados pela matilha de comentadores de política internacional que dominam os principais jornais ocidentais, vibram à menor declaração de Putin que possa pôr em causa a “formatação”, para uso externo, das democracias ocidentais, já protestaram contra a sentença, dizendo-a inspirada ou mesmo ditada pelo Primeiro-ministro russo.
Como é óbvio, ninguém fora do processo está em condições de confirmar ou infirmar o fundamento destes protestos, embora talvez já fosse consideravelmente mais fácil aferir da veracidade ou não dos factos que ditaram a acusação e depois a sentença. Mas disso ninguém quer saber…
O que nós sabemos – e sobre isso não há qualquer dúvida – é que os telegramas divulgados pelo Wikileaks revelam orientações provenientes de Washington para que sejam feitas pressões sobre juízes, tribunais e governos de outros países a fim de que determinados assuntos não sejam julgados ou sejam julgados de determinada maneira. E sabemos também que tais pressões vão ao ponto de exigir que determinados juízes não façam parte do colectivo que terá a seu cargo o julgamento de determinados assuntos.
E sabemos ainda que, nos já mais de mil documentos divulgados, oriundos de Washington ou para lá enviados pelos embaixadores americanos, não há outra preocupação que não seja a defesa, a qualquer preço, dos interesses americanos, tal como Washington os interpreta. Deles não consta qualquer preocupação com “direitos humanos”, “liberdade de imprensa”, ou qualquer outro direito da mesma natureza. Isso, quando vier a ser referido, sê-lo-á apenas como arma de arremesso para defesa de qualquer outro interesse…
Como disse Lula, alguém na chamada “imprensa ocidental” protestou, em nome da liberdade de imprensa, contra o que está sendo feito a Julian Assange?
Moral da história…o lugar dos ladrões é na prisão…e cada lado escolhe os “ladrões” que quer meter na prisão…

2 comentários:

Raimundo Narciso disse...

Eles protestam tanto que leva a crer que em família vão dizendo : pois, é ladrão, que havemos de fazer, mas é o "nosso" ladrão.
(Parafraseando um ex-presidente dos EUA a propósito do "nosso ditador")

Ana Paula Fitas disse...

Caro JMCorreia Pinto,
Destaco o Politeia num Leituras Especial :)
Feliz Ano Novo!
Um abraço.