terça-feira, 29 de abril de 2008

CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS DA ALTA DOS PREÇOS DOS ALIMENTOS

A TORMENTA PERFEITA

Segundo os peritos das Nações Unidas, a subida do preço dos alimentos deve-se a uma acumulação de factores – sociais, demográficos, políticos e até especulativos – que faz com que a crise não seja passageira, mas antes um dado com que doravante terá de contar-se. Ao lado do petróleo, principal responsável nos últimos anos pela inflação, o preço dos alimentos passará a ser a outra grande causa de inflação.
A média da inflação, em 2007, nas 30 economias mais avançadas era de 2,1%. Em 2008 subirá até aos 3%.
Para as economias mais avançadas a consequência daquela subida é a inflação, para os mais pobres a consequência é a fome.

Segundo os organismos especializados das NU, as causas da subida dos preços são:
O crescimento da população mundial, à média de 75 milhões de pessoas por ano;
O preço do petróleo, que afectou o cultivo e o transporte dos alimentos;
As mudanças alimentares na China e na Índia (cerca de 40% da população mundial) – ambos os países, em consequência do crescimento económico, passaram a consumir mais;
Os biocombustíveis, responsáveis pela subida dos alimentos entre 5% e 10%, segundo a FAO;
A especulação, dada a menor rentabilidade e maior risco de outras aplicações.

Face ao que se está a passar, apenas breves duas observações:
Primeira – A crise parece ter apanhado toda a gente de surpresa, não obstante os múltiplos indícios que iam surgindo um pouco por todo o lado; todas as atenções estavam viradas para o petróleo, porventura por as correntes neo-liberais haverem desprezado a agricultura como sector estratégico fundamental.
Segunda – O objectivo neo-liberal de completa desregulamentação dos mercados parece cada vez mais inalcançável, desde logo na agricultura (como se verá na próxima ronda das negociações da OMC), onde, dada a radical alteração das circunstâncias, a necessidade de regulamentação dos mercados e dos preços acabará por impor-se.

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