segunda-feira, 26 de maio de 2008

AS ELEIÇÕES NO PSD

A POBREZA DAS PROPOSTAS

Creio que pela primeira vez me refiro neste blog ao PSD e às suas propostas políticas. A razão é muito simples: o PSD não constituiu uma alternativa ao PS, como hoje também refere, em entrevista ao DN, o insuspeito ensaísta Eduardo Lourenço.
Ambos os partidos disputam o mesmo espaço político, apresentam as mesmas propostas e têm da governação e do exercício do poder uma concepção muito semelhante. As diferenças históricas, nomeadamente as relacionadas com o diferente processo de formação de ambos os partidos, diferenças que o tempo se encarregou de esbater, não são suficientes para esperar do PSD algo de substancialmente muito diferente da governação PS.
A grande diferença está nas clientelas que, não sendo as mesmas, são as que mais se esforçam – e a justo título – na demonstração de que há dois projectos. Curiosamente, as que beneficiam da protecção de ambos os partidos, são as que menos dificuldades têm em aceitar a relativa identidade de projectos, tendo até já proposto a sua fusão.
A relativa identidade não significa que não haja nuances. Claro que as há, mas não muito diferentes das que podem existir no seio do mesmo partido onde a clivagem das posições pode até ser maior, embora hoje sempre muito limitadas pelo poderoso domínio exercido pelos respectivos aparelhos partidários. Verdadeiramente, só há divergências em relação à linha partidária quando se está na oposição, descontada a acalmia por ocasião da preparação de eleições, ou, estando-se no Governo, por parte de militantes que não dependem do partido.
Dito isto, vem a propósito comentar algumas das posições assumidas pelos candidatos à presidência do PSD. A primeira impressão com que se fica é a de que os candidatos são fracos, nomeadamente Passos Coelho e M. Ferreira Leite, muito pouco informados e sem credenciais que os recomende.
Passos Coelho, que se saiba, nunca fez nada. Andou pela jotas, estudou tarde e mal e agora diz-se liberal, numa época em que o liberalismo económico das últimas décadas começa a ter os dias contados. Além de que, algumas das soluções simplistas que propõe, sem brilho, nem chama, deixam perceber que ele nem sequer compreende o país em que vive.
M. Ferreira Leite é um daqueles mitos que somente uma sociedade atrasada e inculta, como a portuguesa, poderia gerar. Não tem na governação nada que a recomende, salvo ser amiga fiel de Cavaco, facto que para o efeito em vista nada conta. Passou pelo Governo, em duas ocasiões, como ministra. Uma na Educação, outra nas Finanças. Na Educação esteve como gestora orçamental, depois de forte contestação estudantil ao ministro que a antecedeu. Salvo ter contribuído para a desoladora situação que, desde há décadas, se vive no sector, alguém tem ideia de algum pequeno marco que positivamente assinale a sua presença na 5 de Outubro? Nas Finanças, nem falemos. Tendo como principal objectivo a redução do défice, conseguiu fazer o pleno: pôr os portugueses a viver muito pior e aumentar o défice. Agora diz que tem preocupações sociais e como demonstração desta sua tardia vocação afirma que “não pode haver políticas gerais na imigração” e propõe-se acabar com a universalidade do serviço nacional de saúde para servir melhor as pessoas de fracos recursos! Só mesmo num país de baixíssimo nível cultural é possível fazer impunemente afirmações destas.
Santana Lopes, sem possibilidades, ao que se diz, de ser eleito, acaba por ser o mais consistente dos candidatos. O problema de Santana Lopes é outro…

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