quarta-feira, 10 de setembro de 2008

A ENTREVISTA DE GORBACHEV



OS AMERICANOS NÃO CUMPRIRAM A PALAVRA


Sobre a crise do Cáucaso e as relações da Rússia com a União Europeia e com os Estados Unidos ver a interessante entrevista de Gorbachev ao EL PAÍS.
O último dirigente da URSS confirma que os americanos (Clinton e Bush) não respeitaram a palavra dada aquando da reunificação da Alemanha: não expansão da NATO a leste. E responsabiliza pela actual situação os dois últimos presidentes americanos a quem acusa de terem aberto novas linhas de divisão no continente, embora não isente de culpas a Alemanha que “cumpriu os tratados bilaterais com a URSS, mas apoiou a expansão da NATO a leste”.
Depois de oito anos de Administração Bush, há na Europa certos sectores identificados com o centro-esquerda que tendem a responsabilizar o actual presidente americano por todos os desmandos com que actualmente o mundo se debate. Esta análise, porém, só muito parcialmente corresponde à verdade. Quem iniciou a política de desrespeito pelo direito internacional, com os mais diversos pretextos, foi Clinton. Foi também Clinton que introduziu o FMI na Rússia – uma das maiores vergonhas da história contemporânea – e quem iniciou o alargamento da NATO aos antigos países do Pacto de Varsóvia, desrespeitando os compromissos assumidos pelo seu antecessor (diga-se a propósito que o primeiro Bush não tem no seu mandato nenhuma mácula semelhante às imputadas aos seus sucessores).
Clinton bombardeou a Jugoslávia à margem do direito internacional, pretensamente com o fim de defender direitos humanos e bombardeou o Iraque acima da linha de segurança estabelecida pela ONU, bem como o Sudão, com base em pretextos fúteis, numa verdadeira manobra de diversão quando internamente estava sendo seriamente acossado pelas razões que se conhecem (Monica Lewinsky).
Por estas e outras razões é que a outra esquerda europeia saudou a derrota de H. Clinton nas primárias, ciente de que a sua eventual vitória nas presidenciais não traria nada de novo, nem de bom no domínio das relações internacionais. Obama tem, no mínimo, a seu favor o benefício da dúvida.


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