sexta-feira, 21 de novembro de 2008

CONSTÂNCIO E QUEIROZ, OU UM CERTO MODO DE SER PORTUGUÊS



DOIS CASOS SEMELHANTES


Constâncio e Queiroz estão nas primeiras páginas dos jornais pelas piores razões. Em ambos os casos, a opinião generalizada entre os portugueses é a de que eles não têm competência para as funções que desempenham. E, todavia, há muita gente, que os conhece de perto, a garantir que são pessoas preparadas nas respectivas profissões e com capacidade intelectual acima da média.
Não tenho elementos para me pronunciar sobre tais apreciações, mas vamos partir do princípio de que são, no essencial, correctas e que avaliam com relativa fidelidade as capacidades das supra-citadas pessoas.
De Constâncio sabe-se que à frente do Banco de Portugal desempenhou defeituosamente as funções de regulador e de supervisor do sistema bancário português e que durante os seus mandatos se praticaram várias irregularidades graves ou mesmo crimes, que uma intervenção atempada poderia ter evitado. Mesmo não confundindo o polícia com o ladrão, a verdade é que um polícia actuantemente frouxo potencia o campo de manobra do ladrão.
Mas há mais, a intimidade e a proximidade entre os vigilantes e os vigiados gera, num país como Portugal, aberto ao compadrio e ao amiguismo, um clima propício à inacção e à desculpabilidade permanente. Se, por acaso, aparece alguém à frente de um serviço com outra mentalidade, disposto a aplicar a lei e a não se deixar enredar por enleantes relações pessoais, corporativas ou até de classe, essa pessoa poucas hipóteses de tem de se manter nesse posto, tantas são as inimizades e incompreensões que a sua conduta gera. Por isso, é mais fácil ceder.
De Queiroz sabe-se que sempre que assumiu responsabilidades a título principal fracassou estrondosamente, pelas mais diversas razões, mas entre as quais avultam a falta de liderança, a incapacidade de manter uma atitude relativamente independente face aos poderes fácticos e, acima de tudo, uma instabilidade emocional que o impede de conviver lucidamente com momentos de tensão. De tudo isto decorre uma grande incapacidade organizativa, uma falência na escolha dos colaboradores e uma deficiente capacidade de relacionamento com os jogadores, que rapidamente se apercebem das suas múltiplas fragilidades e por isso o desrespeitam sem o hostilizar.
Todavia, Queiroz já demonstrou que, fora do ambiente português, integrado numa grande equipa, inserido em estruturas altamente profissionais e superiormente dirigido, funciona bem. Provavelmente, com Constâncio, se é tão bom como dizem, aconteceria o mesmo.
Moral da história: se eu mandasse contratava no estrangeiro um competente governador do Banco de Portugal e procurava, também no estrangeiro, entre os treinadores disponíveis, um seleccionador tipo Capelo, que pudesse comandar a selecção portuguesa.
E tentaria que Queiroz fosse novamente para onde estava e que Constâncio integrasse uma instituição financeira internacional, onde, às ordens de alguém que soubesse mandar nele, pudesse finalmente exibir todas as suas capacidades!

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