sábado, 6 de dezembro de 2008

OS PIVOTS DO EXPRESSO DA MEIA-NOITE DESTILAM IDEOLOGIA



RICARDO COSTA SABE DO QUE FALA?


O Expresso da Meia-noite, para quem se der ao trabalho de o ver, é sempre um decepcionante exercício de jornalismo mal feito, dependente e ideológico. Na semana passada foi o que se viu: “Estado intervém no BPP para salvar a imagem de Portugal”, ideia que o Expresso dia seguinte igualmente veiculou. Às vezes, raras, os comentadores têm qualidade e suprem com o seu saber a subserviência ideológica dos pivots, como aconteceu hoje.
Evidentemente, que não estamos contra um jornalismo ideológico. O que estamos é contra um jornalismo que deturpe os factos. E na economia isso é aparentemente mais fácil de fazer do que noutros sectores. Fala-se de temas económicos numa base puramente ideológica sem qualquer respeito pelas leis da economia.
Respaldados no facto de os economistas discordarem, os nossos comentadores oficiosos de vários interesses sentem-se legitimados para intervir com todo à vontade, esquecendo-se de que não é pelo facto de os economistas discordarem que a economia deixa de ser uma ciência. Ciência social, é certo, mas nem por isso menos obrigada a respeitar as regras do pensamento científico.
É que na economia, como noutros domínios, nós temos que distinguir dois planos: a economia positiva e a economia normativa.
A primeira preocupa-se com o que é, descreve o funcionamento da economia. Nesta área, se os economistas pensarem bem e utilizarem modelos correctos, a margem de discordância é mínima, se é que existe.
A segunda trata do que deveria ser. Quando se avaliam políticas alternativas, vantagens e desvantagens, estamos no domínio da economia normativa. Mas, mesmo neste campo, a decisão, que pode variar de economista para economista – e já vamos ver porquê – tem de basear-se na economia positiva. As consequências atribuídas às políticas alternativas têm de estar empiricamente comprovadas, variando depois a opção por umas ou por outras em função dos valores defendidos por cada economista, da concepção de sociedade que cada um defende. Se eu privilegio a equidade na distribuição dos rendimentos, não advogarei uma descida generalizada dos impostos, embora saiba que essa descida vai aumentar o aforro. Se eu não me preocupo com as desigualdades sociais que a baixa generalizada dos impostos pode trazer, e o que quero é aumentar o aforro, decido-me por aquela descida.
A mistificação, como se vê, está em fazer passar uma opção ideológica por uma opção de ciência. Ou dito ao contrário: em fazer passar por opção científica uma simples opção ideológica
Ricardo Costa, sempre encostado às teses mais reaccionárias, não compreendendo o sentido da intervenção que António Mendonça estava a fazer sobre as intervenções do Estado na economia em tempo de crise, quando disse que não se podia passar do oito para o oitenta, logo concluiu afoitamente: “Sim, porque está demonstrado que a intervenção do Estado na economia é sempre má!”.
Pois é, Ricardo Costa é ignorante, mas vive feliz no seu convencimento. Os factos não demonstram isso. Demonstram que há boas e más intervenções do Estado, assim como há boas e más intervenções dos privados. Aliás, não é preciso ir mais longe: basta analisar as causas do se esta a passar.
Um dia destes, com mais tempo, vou explicar ao RC, com factos, por que razão aquela sua concreta afirmação é uma mistificação.

2 comentários:

  1. Mas esta não é uma boa intervenção do Estado!
    Concordando com as observações críticas ao Ricardo Costa, a intervenção do Estado no BPP é uma opção política que choca e contraria a mais que nunca necessária selectividade nos Apoios do Estado. Sobre isso escrevi há dias no meu
    antreus.blogspot.com

    António Abreu

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  2. Então não sabem que o seu patrão PINTO BALSEMÃO faz parte dos corpos sociais de tal banco e é um dos principais investidores ?!

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