sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

COMO QUER A DIREITA COMBATER A CRISE?



UMA PERGUNTA DE DIFÍCIL RESPOSTA


Não é muito fácil penetrar nas verdadeiras intenções da direita portuguesa quando critica os programas em curso nos países capitalistas avançados (da OCDE, para clarificar…) de combate à crise. Programas defendidos pelo FMI (bem se sabe que o actual Director do FMI é social-democrata, embora uma andorinha não faça a primavera), pelo Banco Mundial, pela Comissão Europeia (onde hoje continua reunido o maior número de neoliberais por metro quadrado com influência nas questões mundiais) e também pelos economistas americanos da nova administração.
A direita portuguesa discorda. Esta direita, que descobriu muito tarde a sua vocação neoliberal, não quer que o Estado faça investimentos públicos (M. Beleza e J. César das Neves são categóricos: um investimento público é sempre um mau investimento), não quer que o Estado defenda o emprego, não quer que o Estado aumente os salários 2,9%, não concorda com o aumento do salário mínimo, enfim, apenas advoga a descida indiscriminada dos impostos directos e indirectos.
Historicamente, sabe-se que uma crise aguda que lance no desemprego centenas de milhares de trabalhadores e que leve à falência milhares de empresas é sempre um pasto fértil para as ditaduras medrarem. Foi assim a seguir à crise de 29. Poucos foram os que escaparam á fúria totalitária que varreu o mundo.
Não sei no que a direita portuguesa está a pensar, mas sei que o seu anti-programa leva às piores consequências sociais. Ainda hoje ao ouvir durante cerca de dez minutas a Quadratura do Círculo não pude deixar de admirar a impassibilidade facial de A. Costa ante as arremetidas da direita demagógica e manhosa…

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