A ESQUERDA E A DIREITA FESTEJAM
A escolha de Vital Moreira para cabeça de lista do PS às eleições europeias constituiu a todos os títulos uma surpresa, não tanto por se tratar de um oficioso defensor independente do partido, mas por se ter admitido que a corrente “atlantista” teria força suficiente para impor um nome que, nestes tempos de mudança, pudesse no Parlamento Europeu actuar em sincronia com Washington.
Gorada esta segunda hipótese, pela razão indicada ou outra, a escolha de Vital Moreira corre o risco de se transformar numa aposta eleitoralmente falhada. Neste plano, Vital não acrescenta rigorosamente nada ao PS que todos nós conhecemos desde 1974. Pelo contrário, parece até que o diminui tanto à esquerda como à direita.
Com a direita, na configuração que ela tem em Portugal, Vital mantém um velho contencioso naquelas restritas áreas em que manteve coerência de pensamento. Depois, o seu espírito arrogante, mordaz e implacavelmente demolidor relativamente àqueles de que discorda ou que intelectualmente despreza também não ajuda nada a atenuar aquelas divergências, além de acrescentar novas áreas de conflito em assuntos politicamente menores.
Com a esquerda, Vital tem o fosso que ele próprio cavou, não apenas pela inconstância da sua acção política, mas sobretudo pela obstinada e acrítica defesa da acção política do Governo, a que nos últimos quatro anos se entregou, algumas vezes em termos intelectualmente menores.
Como intelectual, a escolha de Vital Moreira merece uma reflexão autónoma, que será feita noutro post.
Nos últimos tempos, tenho escrito por mais de uma vez sobre a reverência fervorosa de VM em relação a Sócrates. Nada disto agora me devia surpreender ou amargurar, mas tenho ainda a ingenyuidade de me custarem algumas "evoluções" de velhos amigos. Neste caso, agravado com o triste espectáculo do exagero de justificaçºores no discur5so de VM. Decididamente, o comprometimento político está atoldar a inegável argúcia de VM.
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