quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

UMA CERTEZA E UMA INTERROGAÇÃO



A PROPÓSITO DA CRISE, DAS SUAS CAUSAS E DA SUA SUPERAÇÃO

Meio mundo insurge-se contra o estado a que o mundo chegou depois de duas décadas de intenso neoliberalismo. Diz-se que é preciso evitar que a situação se repita e tomar as medidas apropriadas com urgência.
Como já aqui se disse muitas vezes, não é nada provável que aqueles que mais contribuíram para este estado de coisas estejam agora em condições de tomar as tais medidas apropriadas. Aliás, é fácil ver que o paradigma de muitos que criticam as causas da crise continua a ser o mesmo de antes da crise: prevalência da economia sobre a política, do mercado sobre o Estado, do capital sobre o trabalho, privatização de todas as actividades económicas, incluindo os serviços públicos, desregulamentação do mercado de trabalho e dos fluxos financeiros, eliminação do Estado na economia, etc.
Para além da “hegemonia cultural” que este modelo alcançou, a ponto de a própria esquerda social-democrata ter adoptado sem limitações a sua linguagem, ele está legalmente institucionalizado, portanto vigente no plano político, e não apenas no ideológico e económico. Logo, a primeira certeza que desta crise resulta é a de que se queremos abandonar o actual paradigma vamos ter que o desmantelar juridicamente. É preciso começar por destrui-lo neste plano. O resto virá depois, se o novo paradigma se revelar mais vantajoso que o anterior.
A interrogação é a seguinte: é possível, na Europa comunitária, superar o actual paradigma fora de um quadro abertamente federal?

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