O QUE VALE A PENA
Interpretar as eleições europeias como uma boa ocasião para exibir um “cartão amarelo ou vermelho” ao Governo seria desperdiçar uma excelente oportunidade para ir muito mais além. Com efeito, não é com esse sentido que aquelas eleições devem ser entendidas.
A participação nas eleições europeias deve ser compreendida, neste momento e na actual situação político-económica, como a ocasião privilegiada para um juízo crítico sobre a “construção” europeia. Por isso, deslocar o voto do PS para o PSD não tem qualquer efeito prático, nem tem o menor significado político, já que ambos os partidos defendem pontos de vista semelhantes sobre a Europa e colaboraram até hoje por igual na sua “construção”.
Nestas eleições também se não põe o problema do voto útil que frequentemente “atrapalha” o eleitor em eleições legislativas. Elas não têm em vista dar sustentação à formação de um governo e muito menos assegurar-lhe uma maioria que lhe permita governar com estabilidade.
Por isso, votar contra os “partidos do regime”, neste momento histórico em que a falência do modelo se impõe simultaneamente aos olhos de todos por atingir todos os países, e não apenas alguns, como até aqui tem acontecido, é um dever de cidadania. Mais do que a abstenção que, como já se viu não produz qualquer efeito prático, o que importa, da parte de todos os que estão descontentes com o rumo da “construção” europeia, é votar contra este conceito de Europa.
E mesmo aqueles receios que muitos eleitores descontentes frequentemente experimentam em eleições nacionais de atribuir o seu voto a um partido que a propaganda qualifica como “partido de protesto” não têm aqui razão de existir. Nas eleições para o Parlamento Europeu, os partidos votados não vão governar, mas podem ajudar a transformar a Europa. Eles podem fazer com que a Europa deixe de ser exclusivamente do capital, para passar também a ser uma Europa das pessoas, dos cidadãos.
Muito provavelmente, não vou seguir esta opinião. Concordo no essencial, mas tenho em conta a sequência das eleições. O reforço de um "partido de protesto" nas europeias pode ter efeitos importantes nas legislativas, onde já não valem os argumentos aduzidos.
ResponderEliminarNão me agrada abster-me, afinal diluir-me numa mistura amorfa de comodistas, incívicos, etc. Mas encaro bem a hipótese de votar numa pequena minoria, concordo que ineficaz, a do voto em branco. E quase de certeza o farei também nas legislativas. É a minha forma pessoal de protesto.