sábado, 4 de abril de 2009

A PROPÓSITO DO 60.º ANIVERSÁRIO DA NATO

UM EPISÓDIO QUE CONVÉM AGORA RECORDAR


Pouca gente saberá ou se recordará que em 1955, em Genebra, na primeira reunião, depois da guerra, dos dirigentes máximos dos Estados Unidos, da Grã-bretanha, da França e da União Soviética, se passou um episódio que convém agora recordar.
A reunião, tendo por tema a reunificação da Alemanha, abordou, como não poderia deixar de ser, o papel da NATO, criada há meia dúzia de anos. Nas violentas discussões que então tiveram lugar, Eisenhower, A. Eden e Edgar Faure esforçavam-se por demonstrar que a Aliança Atlântica era uma força de paz, defensiva e que a União Soviética nada tinha a recear da sua existência. A União Soviética, pelo contrário, via na NATO uma forma encoberta de remilitarização da Alemanha Ocidental com vista à absorção da Alemanha Oriental.
É então que, perante a insistência ocidental na natureza pacífica da Aliança, a delegação soviética, composta por N. Khruschev, Bulganin, Molotov, Zhukov e Andrei Gromiko, anunciou que a União Soviética estava disposta a integrar a NATO. Se a sua causa era a da paz, a União Soviética não poderia ficar à margem de tão importante objectivo; queria também fazer parte da aliança atlântica, disse Bulganin, então Presidente do Soviete Supremo.
As delegações ocidentais ficaram sem palavras. Eisenhower trocou umas palavras com Foster Dulles, seu Secretário de Estado, e mudaram de tema. No fim da reunião, Dulles acercou-se de Gromiko e perguntou-lhe: “A União Soviética falava a sério?”. Gromiko respondeu: “ A União Soviética não faz propostas que não sejam a sério, especialmente num forum tão importante como este”. Entretanto, Eisenhower, que passava junto de ambos, agora já com o seu habitual sorriso, disse: ”Devo dizer-lhe, Sr. Gromiko, que estudaremos cuidadosamente a proposta soviética, já que se trata de um assunto muito importante”.
O marechal Zhukov, grande herói da II Guerra Mundial, ainda se avistou com o antigo aliado e camarada de armas, Eisenhower, para desenvolver o tema, mas este, não obstante o passado militar comum na luta contra a Alemanha nazi, não terá passado de algumas generalidades
Nas posteriores reuniões entre os “4 Grandes”, como então se chamavam, o assunto era cuidadosamente evitado ou desviado, sempre que voltava à baila. Misteriosos e enigmáticos sorrisos faziam a conversa deslizar para outros temas, mais cómodos.

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