segunda-feira, 29 de junho de 2009

AINDA A ESTRATÉGIA ELEITORAL DO PS


A ANÁLISE DA SITUAÇÃO

André Freire, nos Ladrões de Bicicletas, faz hoje (28 de Junho) um comentário sobre a estratégia eleitoral do PS, considerando pouco inteligente a captação do voto de centro e da direita por não permitir “capitalizar qualquer tipo de voto útil à esquerda”.
A estratégia do PS pode não resultar. A dinâmica do processo eleitoral pode trazer novidades que agora dificilmente se antevêem, mas a estratégia de manter o eleitorado de centro e de direita não me parece assim tão pouco inteligente como aquele artigo pretende. Certamente, que o ideal para o PS era captar aquele eleitorado do mesmo modo que o captou em 2005. Só que as condições agora são muito diferentes e por isso os actos através dos quais o PS procura fazê-lo têm de ser evidenciados de modo muito mais visível do que há 5 anos. Por outro lado, o PS conhece bem o seu eleitorado à esquerda e sabe que uma parte dele (pequena) pode ser seduzida pelo Bloco, mais dificilmente pela CDU, mas sabe também que a imensa maioria dos votos que normalmente recebe deste sector tem muita dificuldade em romper com a fidelidade de voto. É mais provável abster-se ou votar em branco, como fez nas europeias, do que mudar de partido. E o PS conta recuperar este voto com a conversa do costume, já aqui explicitada por mais de uma vez.
Neste contexto, não me parece que faça sentido falar em voto útil à esquerda. Voto útil seria deslocar tacticamente para o PS o voto da CDU e do Bloco a fim de evitar a vitória da direita mais reaccionária. Mas há condições políticas para isto? Então, não será muito mais útil votar na CDU e no Bloco para eventualmente viabilizar um governo PS minoritário ou, além de minoritário, segunda força eleitoral, pressupondo, como agora parece muito provável, que PSD e CDS não façam maioria na câmara? Ou não será ainda mais útil manter o voto naqueles partidos, obrigando – segunda alternativa - o PS a aliar-se à direita, caso seja a força política mais votada?
Reconheço que tenho alguma dificuldade em misturar os planos: se faço análise descritiva, tenho de me ater aos factos, interpretá-los correctamente e raciocinar em função deles. Se pelo contrário, me situo no plano prescritivo, como muitas vezes acontece nos posts deste blogue, o que tenho em vista é fazer vingar a minha opinião e levar os outros a agir de acordo com ela. Misturar os dois planos no tratamento do mesmo assunto é que me parece metodologicamente muito incorrecto e, porventura, mistificador.

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