O ISOLAMENTO EUROPEU
Muitos séculos de história não se derrubam em décadas. Há, goste-se ou não, uma tradição portuguesa de isolamento e alheamento relativamente à Europa continental, pese embora a inevitabilidade da adesão europeia. Historicamente esta adesão ocorre a seguir a uma época de desmantelamento do “Império” e no fim de um ciclo de guerras coloniais que deixaram no imaginário nacional uma memória traumática muito forte.
Não obstante, uma parte muito significativa da intelectualidade portuguesa assume aquele isolamento com naturalidade e sempre que a ocasião o permite, como acontece em épocas de crise, lá está ela a dizer-nos que o nosso futuro está no mar, no além-mar. Seja esse mar o Brasil ou a África, seja, por razões de protecção, o Atlântico Norte.
Curiosamente, esta posição, embora com mais peso na direita do que na esquerda, atinge tanto uma como outra – da Jangada de Pedra de Saramago e de uma certa recusa da União Europeia às teorizações de Franco Nogueira e de Adriano Moreira ela está presente.
Acho que ela está presente também na recusa do TGV pela direita. Portugal fora da rede de alta velocidade europeia fica mais longe da Europa e mais isolado. Isso agrada à direita.
Evidentemente, que não é só isso que a motiva. Motiva-a igualmente uma visão anti-keynesiana no combate à crise. A direita continua a recusar o papel do investimento público no relançamento da economia por razões puramente ideológicas.
Não deixa de ser estranho que essa mesma direita, a começar pelo Presidente da República, não manifeste idêntica recusa relativamente à construção do novo aeroporto. Esse sim, completamente desnecessário nos tempos mais próximos como eloquentemente ilustram as estatísticas referentes ao aeroporto da Portela. Só que aí ergue-se o interesse de empresas que a direita não pode contrariar, bem como a privatização da ANA, empresa lucrativa que a direita quer ver o mais rapidamente possível nas mãos do capital privado.
Muitos séculos de história não se derrubam em décadas. Há, goste-se ou não, uma tradição portuguesa de isolamento e alheamento relativamente à Europa continental, pese embora a inevitabilidade da adesão europeia. Historicamente esta adesão ocorre a seguir a uma época de desmantelamento do “Império” e no fim de um ciclo de guerras coloniais que deixaram no imaginário nacional uma memória traumática muito forte.
Não obstante, uma parte muito significativa da intelectualidade portuguesa assume aquele isolamento com naturalidade e sempre que a ocasião o permite, como acontece em épocas de crise, lá está ela a dizer-nos que o nosso futuro está no mar, no além-mar. Seja esse mar o Brasil ou a África, seja, por razões de protecção, o Atlântico Norte.
Curiosamente, esta posição, embora com mais peso na direita do que na esquerda, atinge tanto uma como outra – da Jangada de Pedra de Saramago e de uma certa recusa da União Europeia às teorizações de Franco Nogueira e de Adriano Moreira ela está presente.
Acho que ela está presente também na recusa do TGV pela direita. Portugal fora da rede de alta velocidade europeia fica mais longe da Europa e mais isolado. Isso agrada à direita.
Evidentemente, que não é só isso que a motiva. Motiva-a igualmente uma visão anti-keynesiana no combate à crise. A direita continua a recusar o papel do investimento público no relançamento da economia por razões puramente ideológicas.
Não deixa de ser estranho que essa mesma direita, a começar pelo Presidente da República, não manifeste idêntica recusa relativamente à construção do novo aeroporto. Esse sim, completamente desnecessário nos tempos mais próximos como eloquentemente ilustram as estatísticas referentes ao aeroporto da Portela. Só que aí ergue-se o interesse de empresas que a direita não pode contrariar, bem como a privatização da ANA, empresa lucrativa que a direita quer ver o mais rapidamente possível nas mãos do capital privado.
Tenho por mim que boa parte da discussão do TGV tem a ver com a ridícula linha para Vigo e com a linha Porto Lisboa. É que parece não haver uma ideia certa sobre o quanto demorará a viagem Porto-Lisboa em TGV e qual o ganho em relação a uma linha estilo pendular (que dizem-me) pode atingir 250 km /hora. Um tgv interno que pare em 3 ou quatro estações intermédias parece-me, também a mim, um luxo desnecessário e um malbaratar dinheiro. Já a ligação europeia é coisa diferente: há distancia que vale a pena ser corrida a alta velocidade. Aí o problema será outro. Vale a pena um TGV Lisboa Madrid ou um tgv que consiga fazer a ligação Porto/Lisboa a Madrid Nesse caso, a questão será o traçado.
ResponderEliminarFinalmente penso que nisto tudo há um outro problema: queremos um tgv ou vários mas estamos a rebentar com toda a rede de média e baixa velocidade quer de passageiros quer de mercadorias. E nem falo do Tua mas da linha do Oeste, das linhas alentejanas ou do ramal da Pampilhosa que decerto te elmbrarás porque as deste na primária. há uma política de betão que mata o caminho de ferro. E isso é a direita a pensar e a...agir.
Meu Caro Marcelo
ResponderEliminarConcordo contigo. Um pendular pode fazer o Porto-lisboa, se a linha não estiver saturada, a uma velocidade suficiente para a distância. Para o Algarve, em alguns troços, já faz a 220/230.
Infelizmente, na ligação à Europa, não há muitas alternativas. Temos de passar por Madrid. As regiões espanholas que poderiam concordar com otro traçado não têm força política para o impor, nem o centralismo castelhano dos partidos nacionais o permitiria...
Abraço
JMC Pinto