terça-feira, 16 de junho de 2009

SER OU NÃO SER PAROQUIAL


A OUTRA FORMA DE PROVINCIANISMO


É verdade que as televisões portuguesas concedem um destaque desmedido a pequenos e insignificantes problemas caseiros. É verdade que as grandes questões, as que realmente afectam todo o mundo, portanto também a nós, são acessíveis na sua compreensão apenas a um pequeno número.
Não sei se há explicação para isto. Talvez seja a nossa defesa de não sermos grandes. Talvez ainda o reflexo do profundo trauma de 50 anos de ditadura. Lembro-me de Craveiro Lopes, já em rota de colisão com o regime, dizer: “De manhã, a gente abre o jornal, fica a saber tudo o que se passa no mundo e nada do que se passa em Portugal”. Sabe-se lá se não é este trauma psicológico herdado da memória colectiva que a TVI quer combater quando dá tanto relevo a uma pequena desavença familiar ocorrida em Alguidares-de-Baixo?
Francamente não sei. O que sei é que há uma outra forma de provincianismo disfarçada de cosmopolitismo que pretende prevalecer-se do facto de as grandes questões não serem aprofundadamente abordados para nos fazer passar as versões ideologicamente mais contaminadas desses acontecimentos. Como, por exemplo, afirmar que Netanyhu deu um passo ainda há dias inimaginável, quando na realidade o que ele disse é que queria constituir um protectorado na Palestina; ou afirmar que o nosso futuro se joga nas montanhas do Afeganistão, onde já ingleses por duas vezes e os soviéticos (quando existiam…) já enterraram as suas esperanças de domar um conjunto indomável de tribos montanhesas, para escamotear o erro histórico de proporções ainda indefiníveis de a NATO ter rompido com a sua matriz estatutária para ir fazer uma guerra do outro lado do mundo; ou, finalmente, tomar a nuvem por Juno a propósito do que se passa no Irão (ver quem é Mousavi)

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