quinta-feira, 9 de julho de 2009

E SE LULA SE CANDIDATAR A UM TERCEIRO MANDATO?


LULA DIZ QUE NÃO E A CÂMARA DOS DEPUTADOS TAMBÉM, MAS…

Muito me iria rir se daqui até ao fim do actual mandato de Lula se viesse a desencantar uma fórmula jurídica que lhe permitisse concorrer ao terceiro mandato. Lula diz que não, e aparentemente é esse o sentimento da classe política brasileira, que ainda ontem na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados arquivou uma proposta com vista à candidatura a um terceiro mandato, apresentada por um deputado do PMDB.
Todavia, ainda falta algum tempo para se saber com segurança o que vai acontecer. É certo que a Constituição brasileira impõe que qualquer alteração das regras eleitorais só possa ocorrer até um ano antes da eleição, mas também não é menos verdade que quem altera uma norma também pode alterar duas. Prova de que as coisas ainda não estão claras é o facto de do lado oposição ainda ninguém ter avançado com a candidatura à Presidência da República. E isso não acontece apenas por haver mais do que um pretendente, mas também por ainda ninguém saber ao certo contra quem vai avançar. À primeira vista, contra Dilma Rousseff, a Ministra-chefe da Casa Civil. Essa parece ser a candidata do PT, embora ainda agora em Paris, Lula, mantendo a posição de princípio que sempre tem defendido, lá foi dizendo que na Europa ninguém vê como um absurdo que um governante se mantenha no poder até que o povo pare de o reeleger.
José Alencar, Vice-Presidente, já disse também, por mais de uma vez, que Lula tem uma missão a cumprir no Brasil e que, para a levar a bom termo, oito anos são insuficientes. Por outro lado, a taxa de aprovação popular de Lula supera os 80%, o que é espantoso em qualquer parte do mundo, mais ainda no Brasil, onde os governantes são com muita facilidade contestados.
Hoje é fácil enaltecer os méritos de Lula, como grande governante no plano mundial. Mais difícil, porventura por preconceito, teria sido compreender, desde o início, que Lula era um governante a todos os títulos excepcional. Dotado de rara inteligência, capaz de explicar da forma mais simples do mundo as coisas mais complexas, Lula, de quem Fernando Henrique Cardoso, vaidoso como poucos, chegou a fazer chacota por algumas das imagens utilizadas, é hoje um político incomensuravelmente mais importante do que o seu antecessor e é, como disse Obama, o político do nosso tempo.
Aqueles que do alto da sua prosápia euro-cêntrica gostam de dar lições à América Latina, a propósito da renovação dos mandatos, iriam ficar bem atrapalhados se a Constituição brasileira fosse alterada para Lula poder concorrer a um terceiro mandato. Aqui, como no futebol, prognósticos só no fim do jogo!

2 comentários:

  1. Quem conheceu, ainda que por pouco tempo, o Brasil antes de Lula e o Brasil de Lula, sabe que nada interessaria mais ao povo brasileiro do que a manutenção de Lula por mais tempo no poder.
    Os 80% de aprovação seriam ainda mais elucidativos se comparados com a distribuição (ou concentração) da riqueza naquele país.
    JR

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