sábado, 15 de agosto de 2009

CABO VERDE



A PROPÓSITO DA VISITA DA SECRETÁRIA DE ESTADO AMERICANA

De arquipélago paupérrimo, de grande interesse estratégico (sempre a guerra…), flagelado, durante o colonialismo português, por algumas fomes que ficaram na história, Cabo Verde é hoje um exemplo em África, por mérito próprio.
Normalmente, quando em África se fala ou se falava de um bom exemplo, de que o Gana era o caso mais paradigmático, queria fazer-se referência a um país que seguia sem tergiversações a cartilha neoliberal imposta pelas instituições de Bretton-Woods, com o apadrinhamento americano. Não foi por acaso que o Gana foi o primeiro país da África subsaariana visitado por Obama. E, todavia, o Gana, não obstante os muitos milhões ou talvez mesmo milhares milhões de dólares que ao longo destes últimos tinta anos lhe têm sido generosamente atribuídos, não passa de uma história de insucesso, se comparado com países de outros continentes que àquela época se situavam no mesmo nível de desenvolvimento e que hoje estão num nível incomensuravelmente superior.
Com Cabo Verde nada disso se passa. Cabo Verde venceu até hoje todos os grandes desafios que se propôs enfrentar e, seguro das suas capacidades, estabelece metas cada vez mais exigentes na sua caminhada para o desenvolvimento. Primeiro, foi a batalha da democracia representativa que venceu, apesar das difíceis condições materiais de que partia. Depois, tem sido a batalha do desenvolvimento, que gradualmente vai vencendo, apesar da escassez de riquezas naturais
Felizmente, que esta escassez não atinge o elemento humano, já que é a ele, ao seu engenho, à inteligência do homem cabo-verdiano que se deve o sucesso do país.
A recente visita da Secretária de Estado americana a Cabo Verde, país sem recursos naturais invejáveis pelas grandes potências, nem se dispondo a alienar as vantagens da sua posição estratégica à custa da perda da sua independência efectiva ou do respeito que deve a si próprio e ao seu povo, só pode querer significar o reconhecimento em que é tida internacionalmente a gesta do povo cabo-verdiano!
Ainda recentemente, um jornal chinês (não me recordo se a China Daily ou o South China Morning Post de HK), de fins de Julho, creio que na sequência da deslocação de uma delegação chinesa a CV, dedicava duas páginas à experiência cabo-verdiana e explicava por que razão a China tinha investido este ano em Cabo Verde mais que nos vinte e cinco anos anteriores. Parece que a velha aspiração de transformar o arquipélago num grande entreposto mundial de serviços vai gradualmente ganhando forma e sentido.

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