MÚGICA FALOU COM PUJOL SOBRE O ASSUNTO
Aqui há uns meses causou grande surpresa em Espanha e não menor sobressalto a difusão de uma nova tese sobre o golpe de 23-F do tenente-coronel da Guarda Civil António Tejero, por Javier Cercas, no livro Anatomia de um Instante, um misto de ficção e realidade.
Segundo o autor do famoso livro Soldados de Salamina, o golpe de Tejero, em 23 de Fevereiro de 1981, é o resultado de uma das várias conspirações que à época estavam sendo urdidas contra Suárez. Cercas implica na preparação desses actos militares da Casa Real, o próprio Rei e também os socialistas de Gonzalez. As próprias palavras de Juan Carlos durante a ocupação das Cortes por Tejero, comummente entendidas como destinadas a desautorizar o golpe, seriam, segundo aquele A., ambíguas e teriam por efeito deixar a dúvida a quem estivesse por dentro da conspiração de que, não sendo aquele o golpe do Rei, poderia haver outro.
Na segunda parte das memórias a publicar na próxima semana, Jordi Pujol, então Presidente da Generalitat, confirma que Enrique Múgica, actual Defensor del Pueblo, e à época destacado membro do PSOE e mais tarde ministro da Justiça de Gonzalez, foi à Catalunha procurar o seu apoio para a substituição de Suárez por um militar de “talante democrático”.
Como se sabe, Suárez, muito hostilizado pela direita franquista e também debaixo de fogo cerrado dos socialistas, acabou por se demitir, incompatibilizado com o Rei e com os sectores militares reaccionários, tendo o golpe de Tejero tido lugar no exacto momento em que nas Cortes se votava a investidura do seu substituto, Leopoldo Calvo-Sotelo.
Depois destas revelações ganham novo significado as palavras de despedida de Suárez, por muitos consideradas enigmáticas: “Não quero que o sistema convivência democrática seja, uma vez mais, um parênteses na história de Espanha”. Tais palavras, à luz dos factos que agora se conhecem, parecem significar a existência de fortes pressões militares para que se demitisse. O golpe de Tejero, três semanas depois, confirma de certo modo aquele entendimento.
Aqui há uns meses causou grande surpresa em Espanha e não menor sobressalto a difusão de uma nova tese sobre o golpe de 23-F do tenente-coronel da Guarda Civil António Tejero, por Javier Cercas, no livro Anatomia de um Instante, um misto de ficção e realidade.
Segundo o autor do famoso livro Soldados de Salamina, o golpe de Tejero, em 23 de Fevereiro de 1981, é o resultado de uma das várias conspirações que à época estavam sendo urdidas contra Suárez. Cercas implica na preparação desses actos militares da Casa Real, o próprio Rei e também os socialistas de Gonzalez. As próprias palavras de Juan Carlos durante a ocupação das Cortes por Tejero, comummente entendidas como destinadas a desautorizar o golpe, seriam, segundo aquele A., ambíguas e teriam por efeito deixar a dúvida a quem estivesse por dentro da conspiração de que, não sendo aquele o golpe do Rei, poderia haver outro.
Na segunda parte das memórias a publicar na próxima semana, Jordi Pujol, então Presidente da Generalitat, confirma que Enrique Múgica, actual Defensor del Pueblo, e à época destacado membro do PSOE e mais tarde ministro da Justiça de Gonzalez, foi à Catalunha procurar o seu apoio para a substituição de Suárez por um militar de “talante democrático”.
Como se sabe, Suárez, muito hostilizado pela direita franquista e também debaixo de fogo cerrado dos socialistas, acabou por se demitir, incompatibilizado com o Rei e com os sectores militares reaccionários, tendo o golpe de Tejero tido lugar no exacto momento em que nas Cortes se votava a investidura do seu substituto, Leopoldo Calvo-Sotelo.
Depois destas revelações ganham novo significado as palavras de despedida de Suárez, por muitos consideradas enigmáticas: “Não quero que o sistema convivência democrática seja, uma vez mais, um parênteses na história de Espanha”. Tais palavras, à luz dos factos que agora se conhecem, parecem significar a existência de fortes pressões militares para que se demitisse. O golpe de Tejero, três semanas depois, confirma de certo modo aquele entendimento.
2 comentários:
Caro Correia Pinto:
Parece-me precipitado tirar conclusões a partir de um livro, sem mais análise. Não é assim que se escreve a História. Mas é assim que se faz a política,infelizmente:aproveitando tudo o que vem a talhe de foice,se dá armas contra quem se pretende atacar.
Meu Caro
Desta vez não posso concordar com o seu comentário. Limirei-me a apresentar factos. Não tenha conhecimento que Múgica tenha desmentido Pujol.
E também não acho que nesta matéria de conspirações tenha de haver uma espécie de imunidade relativamente a certos partidos.
Suárez infelizmente está como está e já nada pode dizer sobre o que se passou. Mas era um homem com muitas mágoas...que elegantemente sempre calou.
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