quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

CARNIFICINA EM BAGDAD

HÁ CULPADOS!

Já quase fazem parte do nosso dia-a-dia as terríveis imagens dos atentados em Bagdad. Ontem, mais cinco carros-bomba estrategicamente colocados em outras tantas zonas da cidade, mataram mais de cem pessoas e feriram para cima de meio milhar.
Na origem de tudo isto está a invasão do Iraque. A invasão do Iraque foi um crime à luz do direito internacional. Um crime que se prepara para ficar impune, contentando-se a boa consciência moral ocidental com umas quantas recriminações dirigidas àqueles que são os grandes responsáveis por uma guerra de agressão arrogantemente levada a cabo com a cumplicidade de muita gente.
A magnitude dos atentados de ontem volta a colocar na ordem do dia a responsabilidade criminal de Bush e de Blair, em primeira linha, sem esquecer na América as responsabilidades de Cheney, Rumsfeld, Wolfowitz, Bolton, entre outros. E na Europa, Aznar, os Estados do Leste europeus recém entrados na EU, a Geórgia e a Ucrânia.
Portugal, infelizmente, também tem as suas responsabilidades, principalmente por Durão Barroso ter aberto a porta à realização em território nacional de uma cimeira – a tristemente célebre Cimeira dos Açores – que tinha por objectivo pré-anunciado a realização da guerra.
Durão Barroso disse, repetidas vezes, na parlamento nacional, que era contra a guerra, mas que se um grande aliado de Portugal entrasse em guerra, era obrigação do seu governo apoiá-lo. E sobre as intervenções unilaterais, à margem da Carta das Nações Unidas, defendeu-se sempre com o exemplo de 1998, da intervenção da NATO na Jugoslávia, apoiada pelo governo de Guterres. Já o seu Ministro dos Negócios Estrangeiros, Martins da Cruz, menos hábil e muito mais fiel ao seu passado de jovem salazarista, afirmava com a sua habitual truculência: “Nós bem queríamos que as Nações Unidas funcionassem, mas, se não funcionam, não podemos ficar parados!”
Jorge Sampaio, Presidente da República à época, nunca apoiou a invasão do Iraque e poderá mesmo dever-se a esta sua posição a não participação militar, embora simbólica, de Portugal na invasão, sem contudo ter condenado em declaração frontal a aventura militar anglo-americana. Poderia e deveria tê-lo feito, mas, fundado em alegadas limitações constitucionais, preferiu falar redondo, quando a situação exigia uma declaração clara.
Recordo ainda o entusiasmo com que o “êxito militar” da invasão foi acolhido por Pacheco Pereira, JM Fernandes e tantos outros fervorosos apoiantes de Bush, sem esquecer aqueles que, já com os olhos postos nos negócios da reconstrução, explicavam candidamente na TV que não tendo Portugal participado nas operações militares deveria agora posicionar-se (referiam-se ao envio de GNR’s) de modo a poder ainda “rapar o taxo” (Loureiro dos Santos).
Enfim, uma vergonha!

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