O QUE SE PODE DEPREENDER DO JOGO PARLAMENTAR
Não é nada fácil perceber quais as estratégias dos diversos partidos da oposição e do partido do governo a partir da análise do clima de crispação existente na Assembleia da República e entre esta e o Governo.
É claro que a primeira grande dificuldade pode, desde logo, resultar de se procurar encontrar alguma racionalidade no clima de hostilidade vigente, supondo que ele obedece a estratégias maduramente pensadas pelos seus protagonistas que buscam por essa via fins que têm por alcançáveis.
Mas também pode muito bem acontecer que esta relativa unanimidade de pontos de vista que tem reinado entre as oposições não decorra da convergência pontual de estratégias em princípio bem diferentes, mas antes de um sentimento muito humano, porventura um pouco primário, de desforra de quatro anos e meio de arrogância, desprezo e subalternização, agravado por o governo entretanto não ter dado qualquer sinal, antes pelo contrário, de estar a entender o seu papel de acordo com a nova realidade eleitoral.
Perante um cenário que todos os dias se agrava - e ainda agora tudo vai no começo - o PS antevendo piores dias já vai clamando pela intervenção do Presidente da República. O PR já razoavelmente refeito dos “eventos de Setembro”, dificilmente deixará de ter por pérfido este tão estranho apelo.
Se o PR pede compreensão e comedimento da oposição relativamente ao Governo, dificilmente impedirá com esse seu gesto a erosão da sua base de apoio mais à direita; se nada fizer, sobram razões ao PS para lhe imputar parte das culpas pelo que se passar e inclusive acusá-lo de alinhar numa estratégia comum da oposição.
O mais lamentável desta situação, aparentemente sem saída, é a de a falta de entendimento do Governo com a oposição, nomeadamente com os partidos de direita, não resultar de uma profunda clivagem programática, muito mais presente nas suas relações com a esquerda, mas antes de uma atitude de não repartição do poder, quer, apenas em parte, por incompatibilidades pessoais, quer, principalmente, por pressão das próprias clientelas, que ficariam consideravelmente prejudicadas com a nova situação daí decorrente. Muitas das vantagens agora ligadas a quem governa teriam que ser transferidas para quem chegasse de novo, sob pena de nenhum acordo se poder fazer. E isto é o quem está não aceita e quem não está, mas espera estar, tem dificuldade em aceitar.
Dada esta situação, torna-se muito difícil prever o que pode vir a passar-se. É natural que o PS continue a dramatizar a situação na esperança de que umas próximas eleições o possam fazer regressar à desejada maioria absoluta.
Do lado do PSD certamente se espera que as sucessivas dificuldades por que vai passando o PS, aliadas à degradação da situação político-económica e à própria atitude com que o PS as encara, acabem por o beneficiar quem está naturalmente colocado para lhe suceder.
Do lado dos dois partidos de esquerda, a situação aparentemente ideal seria a de manter o PS no Governo pelo maior espaço de tempo possível para tirarem partido do desgaste da governação. Só que para isso não podem exagerar nas “coligações” com a direita, nem por via delas precipitar cedo demais a queda do Governo.
Mas tudo pode acontecer, porque tudo se está a passar de uma forma pouco racional…
Não é nada fácil perceber quais as estratégias dos diversos partidos da oposição e do partido do governo a partir da análise do clima de crispação existente na Assembleia da República e entre esta e o Governo.
É claro que a primeira grande dificuldade pode, desde logo, resultar de se procurar encontrar alguma racionalidade no clima de hostilidade vigente, supondo que ele obedece a estratégias maduramente pensadas pelos seus protagonistas que buscam por essa via fins que têm por alcançáveis.
Mas também pode muito bem acontecer que esta relativa unanimidade de pontos de vista que tem reinado entre as oposições não decorra da convergência pontual de estratégias em princípio bem diferentes, mas antes de um sentimento muito humano, porventura um pouco primário, de desforra de quatro anos e meio de arrogância, desprezo e subalternização, agravado por o governo entretanto não ter dado qualquer sinal, antes pelo contrário, de estar a entender o seu papel de acordo com a nova realidade eleitoral.
Perante um cenário que todos os dias se agrava - e ainda agora tudo vai no começo - o PS antevendo piores dias já vai clamando pela intervenção do Presidente da República. O PR já razoavelmente refeito dos “eventos de Setembro”, dificilmente deixará de ter por pérfido este tão estranho apelo.
Se o PR pede compreensão e comedimento da oposição relativamente ao Governo, dificilmente impedirá com esse seu gesto a erosão da sua base de apoio mais à direita; se nada fizer, sobram razões ao PS para lhe imputar parte das culpas pelo que se passar e inclusive acusá-lo de alinhar numa estratégia comum da oposição.
O mais lamentável desta situação, aparentemente sem saída, é a de a falta de entendimento do Governo com a oposição, nomeadamente com os partidos de direita, não resultar de uma profunda clivagem programática, muito mais presente nas suas relações com a esquerda, mas antes de uma atitude de não repartição do poder, quer, apenas em parte, por incompatibilidades pessoais, quer, principalmente, por pressão das próprias clientelas, que ficariam consideravelmente prejudicadas com a nova situação daí decorrente. Muitas das vantagens agora ligadas a quem governa teriam que ser transferidas para quem chegasse de novo, sob pena de nenhum acordo se poder fazer. E isto é o quem está não aceita e quem não está, mas espera estar, tem dificuldade em aceitar.
Dada esta situação, torna-se muito difícil prever o que pode vir a passar-se. É natural que o PS continue a dramatizar a situação na esperança de que umas próximas eleições o possam fazer regressar à desejada maioria absoluta.
Do lado do PSD certamente se espera que as sucessivas dificuldades por que vai passando o PS, aliadas à degradação da situação político-económica e à própria atitude com que o PS as encara, acabem por o beneficiar quem está naturalmente colocado para lhe suceder.
Do lado dos dois partidos de esquerda, a situação aparentemente ideal seria a de manter o PS no Governo pelo maior espaço de tempo possível para tirarem partido do desgaste da governação. Só que para isso não podem exagerar nas “coligações” com a direita, nem por via delas precipitar cedo demais a queda do Governo.
Mas tudo pode acontecer, porque tudo se está a passar de uma forma pouco racional…
Não me parece que os partidos de esquerda estejam, exageradamente ou não, "coligados" com a direita não-PS.
ResponderEliminarVotarão aqui e além da mesma forma por motivos diferentes. É natural que não se goste da "coincidência", mas pior do que isso seria pactuar com a perpetuação no poder deste PS e, consequentemente, com a perpetuação, dentro do PS, desta direita.