UMA CATÁSTROFE EM CIMA DE MUITAS OUTRAS
O Haiti parece de há muito estar a pagar a ousadia de ter sido um dos primeiros estados independentes da América e de ter abolido a escravatura bem cedo num continente que a manteve até ao último quartel do século XIX.
O Haiti impressiona pela sua extrema pobreza mesmo a quem está habituado a lidar com a pobreza nos quatro cantos do mundo. À sua condição de país sem esperança, o Haiti assistiu ontem a uma catástrofe de proporções cósmicas, cujos efeitos se vão prolongar por muito tempo.
Se efectivamente existisse a tal “comunidade internacional” de que a Sra. Clinton tanta fala como algo diferente de um simples apêndice da política externa americana, o Haiti seria o local ideal para ela demonstrar a sua vitalidade e expressar a sua solidariedade a um povo que ficou numa situação sem qualquer hipótese de recuperação pelos seus próprios meios.
O Haiti justificaria uma espécie de declaração de calamidade pública internacional coordenada pelas Nações Unidas com competência para gerir toda a ajuda internacional. Infelizmente, quando os holofotes que buscam desgraças para alimentar os noticiários se apagarem, o Haiti vai ficar entregue aos seus parcos recursos e à boa vontade, e não menos escassos recursos, daqueles que pouco mais podem oferecer que o seu apoio moral.
E não esquecer que, nas suas desgraçadas, esse tão simpático povo teve uma desgraça enorme, Papa Doc, seu filho anormal e os tonton macoute. também a animosidade internacional (diga-se EUA e França) contra Aristide.
ResponderEliminarObrigado pela visita. O Haiti parece atrair a desgraça. Às tragédias políticas, às catástrofes sociais soma-se isto agora.
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