RECOMPENSAS OU MAIS DO QUE ISSO?
O sector mais reaccionário do PS encarou de mau humor o recente acordo alçado na educação entre a Ministra Isabel Alçada e os sindicatos, nomeadamente a FRENPROF.
A desvalorização passa pela sobrevalorização da actuação da anterior Ministra. Sem o anterior conflito não teria havido acordo agora, dizem. Esta é uma das tais afirmações que ninguém pode provar e que costuma ser avançada como explicação ou justificação de comportamentos futuros sempre que o meio através do qual se alcançou a solução a solução provoca um indisfarsável ressentimento.
Sim, porque o que realmente está em causa é o meio por via do qual se alcançam soluções em democracia. Esse meio, que é a negociação que leva ao compromisso, os sectores mais reaccionários do PS não o aceita nem para a Educação nem para qualquer outro domínio da governação, nomeadamente para a resolução das grandes questões nacionais.
Os que agora valorizam o conflito para apoucar as vantagens da negociação são exactamente os mesmos que durante quatro anos proclamaram que não havia reformas possíveis com a colaboração dos reformados. As reformas, por definição, têm de ser impostas.
Isabel Alçada e os sindicatos provaram exactamente o contrário. A negociação verdadeira e própria é um processo que não conduz a um resultado de resto zero. Todos podem ficar a ganhar, exactamente por as soluções alcançadas não satisfazerem integralmente, mas apenas parcialmente, os interesses das partes em confronto. Ambos, Isabel Alçada e os sindicatos, deram ao país uma grande lição de democracia, que teima em não ser bem aceite por todos os que defendem um poder sem partilha.
Curiosamente, a anterior Ministra da educação, Maria de Lurdes Rodrigues foi nomeada para presidir à FLAD (Fundação Luso-americana para o Desenvolvimento), ao fim de 25 anos (!!!) de mandato de Rui Machete. Esta nomeação abre novas luzes sobre a personalidade política da antiga Ministra. De facto, mesmo na administração Obama, não é qualquer pessoa que pode ser nomeada para aquele cargo. A presidência da FLAD será um cargo para pessoas como Luís Amado se não estivesse no governo ou outras personalidades com idênticas credenciais. Disse-se que Maria de Lurdes Rodrigues, a seguir ao 25 de Abril, integrou grupos de extrema-esquerda. Quem sabe se não estará nesse inócuo facto a credencial necessária para a sua nomeação?
Tenha cuidado, pois está a vangloriar um acordo que pode não passar do papel, e manter as coisas como estavam antes de Maria de Lurdes Rodrigues.
ResponderEliminarAcho que concorda que os professores precisavam de serem avaliados, e que, pura e simplesmente, não o eram antes de Maria de Lurdes Rodrigues aparecer na 5 de Outubro, pois a inspecção que havia era para agradar ao amigo e punir o inimigo, como tantas vezes acontece em toda a administração publica.
Maria de Lurdes Rodrigues quis implementar um sistema de avaliação que veio a revelar-se imensamente burocrático, pois punha a definir objectivos quem nunca o fez na vida. Tudo isto porque havia a necessidade de haver avaliação, mas não queria gastar muito nos avaliadores/inspectores.
Pelo que sei do novo acordo, a sua implementação no terreno vai depender do facto de haver, ou não, quem o faça implementar nas escolas. Ou seja, vai ser preciso haver inspectores. Mas haverá dinheiro para isso?
Não era melhor ser o Ministério da Educação a definir critérios claros e objectivos de avaliação dos professores, usando para isso informações não controláveis por ninguém como as notas dos alunos, e factores correctores publicados por outras entidades estranhas ao processo, como o índice de criminalidade da zona onde cada escola está inserida (índice esse publicado todos os anos pelo Ministério da Administração Interna)?
Na questão da presidência da FLAD, ou foi irónico, ou deixou-me confuso. Como é que é preciso ter militado na extrema-esquerda depois do 25 de Abril para agora ser presidente da FLAD? Se fosse assim, Rui Machete nunca teria sido presidente da FLAD, pois trata-se duma pessoa que liderou o PSD há mais de 25 anos.
Quanto a mim, a verdadeira questão nisto da FLAD não é a entrada de Maria de Lurdes Rodrigues, mas o facto de Rui Machete ter saído de presidente da FLAD após 25 anos alegando cansaço do cargo. O cansaço do cargo é uma coisa que vem pelos 10 anos de exercício do cargo. Mas, a partir dos 20 anos de exercício do cargo, nós passamos a ser "o cargo", e já nem nos imaginamos sem estar no cargo (veja-se Pinto da Costa e o FC Porto). O que terá havido para Rui Machete sair da FLAD? Pressões do PS para colocar lá um(a) "aparatchik"?