sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

EDUARDO MONDLANE




UMA DECLARAÇÃO SURPREENDENTE

Acabei de ouvir Duarte de Jesus, embaixador na reserva e actualmente docente universitário, dizer no jornal das nove, de M. Crespo, a propósito do seu recente livro – “Eduardo Mondlane – Um homem abater”, que havia da parte de círculos do regime (salazarista, claro) mais vontade de alterar a “política ultramarina” do que propriamente da parte da oposição.
Como de costume, lá vinha a referência (e a reverência do Crespo) a Adriano Moreira, como “grande reformador”.
Vou ler o livro rapidamente para depois me pronunciar com mais propriedade, mas mesmo sem o ler já estou com muitas dificuldades em perceber o que Duarte de Jesus andou a fazer entre 1935 (data em que nasceu) e 1974, para nos vir dizer em 2010 que havia no regime salazarista mais vontade de mudar a política colonial do que fora dele. A vontade era tão forte, que só mesmo pela força das armas foi possível pôr-lhe termo!
Não consigo perceber a quem se refere Duarte de Jesus: a Botelho Moniz e a Costa Gomes, bem como aos que com eles estavam conluiados para, daquela forma ingénua, correrem o Salazar e porem em prática uma política advogada pela administração Kennedy? Mas o que é que Adriano Moreira tem a ver com isto? Então não foi exactamente na sequência dessa “limpeza” feita por Salazar com a colaboração de Thomaz que Adriano Moreira foi Ministro? E antes disso, à data da abortada tentativa de Botelho Moniz, não era Secretário de Estado da Administração Ultramarina e não foi, depois de derrotado o golpe, promovido a Ministro do Ultramar?
E a quem se refere Duarte de Jesus quando fala da oposição? A Cunha Leal? Conhece ele os documentos, por exemplo, dos congressos do PCP sobre essa matéria?

1 comentário:

  1. "Vou ler o livro rapidamente para depois me pronunciar com mais propriedade, mas mesmo sem o ler já estou com muitas dificuldades em perceber o que Duarte de Jesus andou a fazer entre 1935 (data em que nasceu) e 1974, para nos vir dizer em 2010 que havia no regime salazarista mais vontade de mudar a política colonial do que fora dele."

    Não conheço a pessoa em causa, mas arriscaria a dizer que andou ocupado a ver as botas que ia lambendo ...



    Custa ouvir o líder dum partido político que tem assento na AR dizer que tem como grande referência política uma pessoa que podia ter evitado que 1.000.000 de pessoas fosse combater numa guerra, e não o fez, nem sequer se demitiu do governo, e só se lembrou que era democrata a partir do dia 26 de Abril de 1974.

    Sim, estou a falar de Paulo Portas e da sua paixão assolapada por Adriano Moreira.

    É pena que não tenha havido uns "julgamentos de Nuremberga" aqui em Portugal, para condenar pessoas como Adriano Moreira e outros que tais.

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