sábado, 6 de fevereiro de 2010

ZAPATERO NO "NATIONAL PRYER BREAKFAST"



A COMPENSAÇÃO DE OBAMA E A PRECE DE ZAPATERO

Obama para demonstrar que o cancelamento da viagem a Madrid (embora a Casa Branca nunca tenha admitido o cancelamento, por segundo ela nenhuma viagem ter estado marcada) nada tinha a ver com Zapatero, mas com o nulo interesse que as cimeiras euro-americanas lhe merecem, convidou Zapatero, como convidado de honra, para o “National Pryer Breakfast”, que desde 1953 se realiza todos os anos em Washington na primeira quinta-feira de Fevereiro.
O National Preyer Breakfast é um evento tipicamente americano em que se mistura religião com negócios, sociedade e política e em que está presente a alta sociedade económica e política de Washington reunida à volta do Presidente com políticos e gente de negócios de todo o mundo.
A organização deste forum sócio-político-religioso-empresarial está a cargo de uma fundação cristã de cariz conservador The Fellowship Foundation, mais conhecida como “A Família”, e tem como representantes dos anfitriões os coordenadores dos grupos de oração do Senado e da Câmara dos Representantes, este ano, Johnny Isakson (republicano) e Amy Klobuchar (democrata), respectivamente.
A honra com que Obama de certa forma queria compensar Zapatero não poderia ser mais incómoda para o Presidente do Governo Espanhol. Defensor da separação entre o Estado e as Igrejas, arauto da laicidade, Zapatero não poderia, à partida, estar numa situação mais incómoda do que a de ter de fazer, como convidado de honra, uma intervenção de dez minutos inspirada na Bíblia numa cerimónia de natureza marcadamente religiosa. Mas o convite era politicamente irrecusável, já que ele no passado só tem sido concedido aos grandes amigos de Washington ou a personalidades que Washington quer cativar.
Mas Zapatero é, de facto, uma personalidade política ímpar neste triste panorama político europeu. E então escolheu uma passagem do Deuterónimo, um dos cinco livros do Pentateuco, que diz o seguinte: “Não explorarás o trabalhador pobre e necessitado, quer seja um dos teus compatriotas, ou um estrangeiro que vive em alguma cidade do teu país; pagar-lhe-ás o salário no próprio dia, antes que o sol se ponha, porque ele é pobre e a sua vida depende do seu salário” (versículo 25-14). Depois aludiu à tragédia do Haiti “cujo infortúnio nos levou a um grande acto de solidariedade” e ao flagelo do desemprego “ todos eles devem saber que não há tarefa que, como governantes, nos preocupe mais do que favorecer a criação de emprego”. E por fim fez uma alusão muito explícita ao casamento entre pessoas do mesmo sexo dizendo “hoje a minha prece quer reivindicar a liberdade de todos para viver a sua própria vida, para a viver com a pessoa amada e para criar e cuidar do seu meio familiar, merecendo o respeito por isso”.

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