E PROPÕE-SE "ROUBAR" OUTROS
Não como falar claro nos tempos de crise. A situação da Grécia é a que é. A Grécia pagará por ela. Mas apenas tem de pagar o que é devido. Se lhe exigem o dobro do devido, alguém a estará a roubar!
É o que se passa. A Grécia para atenuar o défice e diminuir a dívida apresentou a Bruxelas um plano de austeridade que deixa nos limites o povo grego. Como Alain Juppé escreve : “Haverá forçosamente um limite à aceitabilidade dos sacrifícios exigidos ao povo grego”.
O governo grego terá ido porventura além destes limites. Mas fê-lo na esperança de apaziguar os famigerados “mercados” e de facilitar uma solução no seio da eurozona.
Deixando de lado a certeza provada por mais de uma década de experiência que há constrangimentos incontornáveis ligados ao regime que regula a moeda única europeia, que os défices de uns são os superávides de outros e embora igualmente se saiba que nenhum equilíbrio orçamental alcançado à custa do esmagamento dos salários, da precarização do trabalho, da diminuição das despesas sociais e da limitação do investimento público terá como consequência o crescimento económico, a Grécia propôs-se correr todos esses riscos na esperança de que lhe emprestassem dinheiro para refinanciar a sua dívida ao mesmo preço que lhe emprestavam antes de denunciada a crise das suas contas públicas.
E que resposta dá a Alemanha? Desde argumentos puramente formais basedos na interpretação que o Tribunal Constitucional Alemão fez há mais de quinze anos do Tratado de Maastricht, até argumentos soeses debitados com uma sobranceria e uma arrogância que lembra outros tempos, a Alemanha vai fazendo tudo o que está ao seu alcance para que os juros da dívida grega subam todos os dias, a ponto de hoje já estarem para além do dobro do que a Grécia pagava no começo da crise.
E quem ganha com isto? Os bancos que emprestam e emprestaram dinheiro à Grécia. E que bancos são esses? São bancos alemães, austríacos e suiços, no essencial.
A Grécia está, portanto, a ser roubada por acção da Alemanha e quem ganha com esta actuação são os bancos alemães e outros bancos de capital alemão.
A Alemanha está a quebrar a solidariedade europeia. Pagará por isso!
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