A LINHA POLÍTICA DE PASSOS COELHO
Jardim disse outro dia, com aquela sem-cerimónia que se lhe conhece, que o “Passos Coelho era o rapaz do Ângelo Correia” (uma pouco como se dizia na Alemanha, noutro contexto, que a Ângela Merkel era a Fraulein de Kohl).
Se dúvidas houvesse, a entrevista de hoje, à SIC N, tê-las-ia desvanecido. Ângelo Correia é um homem inteligente, que se ouve com prazer, mesmo não se concordando com as suas ideias, por isso deveria ter sido mais comedido, mas estava claramente eufórico com a vitória e tinha muita pressa em deixar, quanto antes, dois recados importantes aos dois principais adversários de Coelho dentro do partido: Jardim e Cavaco.
A Jardim disse que ele teria de explicar ao partido as suas últimas afirmações sobre as relações com Sócrates, deixando claramente subentendido que, quando o PSD voltasse a ser governo com Passos Coelho, se ajustarão as contas.
Ângelo Correia sabe muito bem que Jardim não se deixa intimidar com ameaças futuras e incertas, além do mais, porque, na história da democracia portuguesa, somente por uma vez a maioria PSD, sozinha ou com o CDS, pôde prescindir dos deputados pela Madeira. Foi na segunda legislatura de Cavaco Silva. E Jardim ainda hoje mantém essa conta aberta com Cavaco (daí o Sr. Silva) e com Eduardo Catroga, então Ministro das Finanças.
Quanto a Cavaco, Ângelo Correia foi ainda mais directo: se pensa que condiciona, a resposta é não! Mais: Cavaco corre o risco de ser o único a defender o PEC contra toda a gente e contra o próprio candidato presidencial do PS. Ora, como ele é, por inevitabilidade o candidato presidencial do PSD (creio que Ângelo Correia gostaria de ter dito: por fatalidade), no qual os militantes vão votar por afecto, mas também com desamor, ele vai ter que ponderar quantos votos quer perder.
Ângelo Correia não tirou as conclusões que aqui evidenciei, mas foi isto obviamente o que ele quis dizer. E fê-lo com tanta eloquência e não menos sofreguidão que certamente Jardim (Cavaco não, que é muito mais comedido) não deixará de ver nesta entrevista a confirmação da sua tese.
"Confirmatum est quod erat confirmandum."
ResponderEliminare eu que até simpatizava com o PPC.
ResponderEliminardepois de saber que é o "rapaz" do A Correia...
começo a ter dúvidas