DE MAL A PIOR
Li hoje no Publico um artigo aparentemente surreal. Mas só aparentemente. Breton nunca nos perdoaria tal afronta e nem Apollinaire, ainda as voltas com Mona Lisa, a justificaria. Na realidade, o surrealismo é outra coisa. Basta que a gente se lembre do Teatro Museu de Dali, do verso de Eluard “La terre est bleu comme une orange” ou da canção do Zeca “Nefertite não tinha papeira/ Tuthankanon apetite/ Já minha avó me dizia/ Olha que a sopa arrefece” para logo se perceber que estamos num nível superior da arte onde o sonho e o inconsciente se sobrepõem (conscientemente) à razão e à lógica. O surrealismo é obra de vanguardas, e bem pode o neo-realismo insistir na natureza negativa dessas de vanguardas que, nem por isso, deixam de ser vanguardas.
Os textos que vou citar não tem nada de vanguardistas, são textos de retaguarda, típicos de quem já não é capaz de distinguir a realidade da imaginação perturbada, onde o irreal mistificado arreda o papel criativo do sonho para se transformar num acto de propaganda vulgar.
Então vamos ler, e comentar:
“É certo que o partido (o PSD) sempre foi mais liberal do que o PS na área económica, tendo liderado a luta pelas privatizações, pela abertura da economia ao mercado e pela desintervenção do Estado na economia”
(Extraordinário! E lembrar-se a gente que Penedos esgotou os stocks de champanhe no Continente para poder cumprir promessa de “abrir uma garrafa de champanhe por cada privatização”)
(Extraordinário! E lembrar-se a gente que Penedos esgotou os stocks de champanhe no Continente para poder cumprir promessa de “abrir uma garrafa de champanhe por cada privatização”)
“ (…) O estado social tal como este foi sendo construído entre nós, sobretudo por iniciativa do Partido Socialista, nas áreas do ensino, da saúde, da segurança social e da protecção social”
(Fantástico! A Constituição da República na qual o estado social está inscrito foi obra do PS? A obra do PS nos tempos mais próximos tem sido tentar abrir as brechas por onde possam decididamente entrar os obreiros da sua destruição, principalmente nas áreas da saúde (onde teve de recuar), na educação (onde também se viu forçado a fazer marcha-atrás) e na segurança e protecção social (onde a política do PS vai fazendo o caminho que, alguém, mais tarde, tentará compactar devidamente); na área do trabalho, ai o PS não precisou da colaboração de ninguém: pegou no Código que a direita tinha aprovado, rasgou-o e promulgou um muito mais retrógrado)
(Fantástico! A Constituição da República na qual o estado social está inscrito foi obra do PS? A obra do PS nos tempos mais próximos tem sido tentar abrir as brechas por onde possam decididamente entrar os obreiros da sua destruição, principalmente nas áreas da saúde (onde teve de recuar), na educação (onde também se viu forçado a fazer marcha-atrás) e na segurança e protecção social (onde a política do PS vai fazendo o caminho que, alguém, mais tarde, tentará compactar devidamente); na área do trabalho, ai o PS não precisou da colaboração de ninguém: pegou no Código que a direita tinha aprovado, rasgou-o e promulgou um muito mais retrógrado)
“É de esperar (do PSD) (…) uma orientação marcadamente mais apostada na retirada do Estado na esfera económica, na privatização dos serviços públicos (…), etc., etc.”
(Onírico! Retirar o Estado da vida económica? Só se for para acabar com o compadrio com o capital financeiro, com os “parceiros” das parcerias e com a promiscuidade com as grandes empresas de obras pública; já em matéria de privatizações, o PS (passe o anacronismo) bate o próprio Afonso V que, segundo o filho (João II) apenas lhe deixou as estradas e os caminhos do Reino. O PS nem isso deixa, quando muito deixa à imaginação do PSD a possibilidade de privatização do ar que se respira!).
(Onírico! Retirar o Estado da vida económica? Só se for para acabar com o compadrio com o capital financeiro, com os “parceiros” das parcerias e com a promiscuidade com as grandes empresas de obras pública; já em matéria de privatizações, o PS (passe o anacronismo) bate o próprio Afonso V que, segundo o filho (João II) apenas lhe deixou as estradas e os caminhos do Reino. O PS nem isso deixa, quando muito deixa à imaginação do PSD a possibilidade de privatização do ar que se respira!).
Só há mesmo uma solução: fazer como o JVC, que não lê o Público à 3ª feira.
ResponderEliminarV
Ou como o V, que para evitar confusões deixou de assinar aqui como VM :-)
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