O GOVERNO: A CONVERSA DO COSTUME
É um exercício penoso ver na televisão um debate parlamentar. Vai-se tirando o som, enquanto se faz outra coisa e simultaneamente se dá uma olhadela ao que se está passando no ecrã.
De vez em quando restabelece-se a ligação sonora e ouve-se a imensa demagogia de Portas e dos seus jovens acólitos. Ele sempre muito preocupado com os crimes, com a lavoura, com o rendimento social de inserção…mas de submarinos nada. Portas segue exactamente a orientação contrária do pretor romano: “minimis non curat praetor”. Não é que ele não se ocupe das “coisas grandes”, só que essas não são para tratar em público!
Louçã esteve melhor ontem na entrevista do que hoje no debate. No parlamento opta sempre por realçar a anormalidade ou o pormenor em busca de uma espécie de efeito cénico…
Bem esteve Jerónimo de Sousa, tanto na questão dos combustíveis, como na abordagem da questão grega.
Sócrates, na ausência de argumentos, responde com os clichés do costume: “Temos visões diferentes da sociedade, da soberania, etc e tal”.
Pode ser ingenuidade minha, mas fiquei com a impressão que Sócrates ainda não compreendeu o que representa a questão grega. Não me admiraria que assim fosse. O PS em política internacional tinha uma escola, que poucos frequentavam, mas os que a frequentavam eram “bons alunos”: a escola da guerra fria.
Com o fim da guerra fria ficaram muito desorientados, a começar por Soares, que levou anos a perceber o que se estava a passar (supondo que já percebeu…). Gama calou, como é seu hábito, foi actuando pragmaticamente, mas nunca mais teve aquela forte convicção que antes o animava. Amado, porventura o mais estruturado, sonha com estratégias que o país não comporta…
É um exercício penoso ver na televisão um debate parlamentar. Vai-se tirando o som, enquanto se faz outra coisa e simultaneamente se dá uma olhadela ao que se está passando no ecrã.
De vez em quando restabelece-se a ligação sonora e ouve-se a imensa demagogia de Portas e dos seus jovens acólitos. Ele sempre muito preocupado com os crimes, com a lavoura, com o rendimento social de inserção…mas de submarinos nada. Portas segue exactamente a orientação contrária do pretor romano: “minimis non curat praetor”. Não é que ele não se ocupe das “coisas grandes”, só que essas não são para tratar em público!
Louçã esteve melhor ontem na entrevista do que hoje no debate. No parlamento opta sempre por realçar a anormalidade ou o pormenor em busca de uma espécie de efeito cénico…
Bem esteve Jerónimo de Sousa, tanto na questão dos combustíveis, como na abordagem da questão grega.
Sócrates, na ausência de argumentos, responde com os clichés do costume: “Temos visões diferentes da sociedade, da soberania, etc e tal”.
Pode ser ingenuidade minha, mas fiquei com a impressão que Sócrates ainda não compreendeu o que representa a questão grega. Não me admiraria que assim fosse. O PS em política internacional tinha uma escola, que poucos frequentavam, mas os que a frequentavam eram “bons alunos”: a escola da guerra fria.
Com o fim da guerra fria ficaram muito desorientados, a começar por Soares, que levou anos a perceber o que se estava a passar (supondo que já percebeu…). Gama calou, como é seu hábito, foi actuando pragmaticamente, mas nunca mais teve aquela forte convicção que antes o animava. Amado, porventura o mais estruturado, sonha com estratégias que o país não comporta…
Louçã é mais elabordo do que Jerónimo. Louçã ainda é moda, Jerónimo é fato com marca de traças. Louçã é intelectual espertinho, Jerónimo herdou uma tradição de seriedade, apesar de muita incoerência nessa seriedade. Louçã é uma versão de esquerda do Pacheco que parece que era um rapaz muito esperto, lá em Lisboa, como conta Fradique que se dizia nas barbearias de província. Jerónimo é apenas um tipo bem conhecido do seu amigo barbeiro de província, que não se lembra de o chamar de muito inteligente.
ResponderEliminarEntre Jerónimo e Louçã, "mon coeur balance"? nada disto, fica imóvel, nenhum deles me atrai, me motiva o voto, coisa que ainda me vai valendo o esforço cívico de uns quilómetros de deslocação para meter na urna um voto em branco (abstenção é que não).
No entanto, nesta fria e serena quietude do meu coração político, talvez tenha mais facilmente uma extrassístole juvenil por Jerónimo, mais do que por Louçã. É que tenho a impressão de que não me custaria tomar uma cerveja com Jerónimo, mas Louçã provavelmente só bebe água das Pedras, versão de "esquerda" da água benta, e perturbar-me-ia o prazer da loura ou da weissbier com o seu cheiro de cera fradesca, até mesmo com os eflúvios de Savonarola.
O homem cheira mal dos neurónios, espertos sem dúvida mas bolorentos de fungos trotsquistas, hoje reconvertidos em "causas" oportunistas.
E até confesso que, nestas apreciações, meto sempre um subjectivismo execrável, algum sentido estético meu. Aquele sorriso torto e desengonçado de Louçã, que tresanda a hipocrisia, mete-me medo, é pavor dos meus oesadelos.