A FORÇA DA LUCIDEZ
O livro de Carlos Brito sobre Álvaro Cunhal não é apenas um livro “emocionalmente sereno”, como ele deixa entender. É um livro “inteligentemente sereno”.
Carlos Brito é um homem sensível, um poeta, que não esquece as alegrias, nem os amigos, como também não esquece as amarguras, nem as desilusões.
Tem uma longuíssima tradição de luta, por vezes travada nas condições mais adversas, em sofrimento e na dor.
Por isso ele sabe que a melhor forma de dominar as emoções mais intensas, quando elas são incómodas, é através da inteligência. Foi o que ele fez.
O livro sobre Álvaro Cunhal é uma inteligente narrativa que tem como protagonistas: Álvaro Cunhal e a “Vida” (na expressão tão frequente do líder comunista para se referir aos avatares da História).
Esse, o cerne da narrativa. Aqui ou além, talvez mais no fim do livro, lá aparece o narrador para logo se esconder, porque ele sabe que o grande confronto é entre Cunhal e a “Vida”.
Ele não quer interferir, mas ele também faz parte.
Este é também o confronto de Carlos Brito com a sua história, com o seu percurso, com o desfazer das suas ilusões, por maiores que ainda sejam as certezas.
É um livro comovente e belo. Objectivo e sentido.
É um testemunho da grande luta dos comunistas portugueses!
Afinal, quem é o poeta? o CB ou o CP?
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