Nos começos de 90, quando, por influência anglo-saxónica, a UE se afadigava, obedecendo caninamente ao FMI, na imposição das doutrinas neoliberais nos países em desenvolvimento, de acordo com o conhecido princípio que preside às relações entre os mais fracos e os mais fortes – “ou fazes como nós dizemos ou cortamos-te a ajuda” -, a UE, apesar de tudo envergonhada com a brutalidade que o “Consenso de Washington” representava, fazia aquilo que é muito típico da hipocrisia europeia, quando “apertada” por alguns sectores da sua opinião pública: invoca a “especificidade comunitária” para melhor fazer passar a ua mensagem.
Com esta expressão a burocracia de Bruxelas queria fazer passar a ideia de que entre os seus programas e os do FMI havia as diferenças próprias de quem conhece o meio a que os mesmos se aplicam. Por outras palavras, a UE considerando-se herdeira do “saber” dos antigos colonizadores, saberia fugir às principais críticas de que o FMI era alvo, adaptando os programas às características de cada país.
Conversa fiada, como a história se encarregou de demonstrar. A UE desempenhou o seu papel de aliada incondicional do neoliberalismo em todo o mundo onde a sua influência pudesse ser importante.
Stiglitz, embora fazendo incidir a sua críitica implacável sobre o FMI, principal responsável pelas barbaridades ocorridas em todos os países em que interveio, não deixou de criticar todos aqueles que com ele colaboraram no desvario neoliberal ortodoxo, desde os Estados a outras organizações internacionais.
Pois bem, é esse mesmo FMI que hoje aparece a criticar os programas de austeridade da UE, considerando-os antecipadamente responsáveis pela recessão que necessariamente se vai seguir. É o próprio FMI que advoga deixar para mais tarde a questão do défice e da dívida considerando fundamental uma política económica de estímulos à economia que aponte para o crescimento como questão prioritária das economias europeias.
Aquele de cuja companhia ontem se “fugia” por vergonha, é o mesmo que hoje se revela muito mais lúcido no tratamento da questão europeia.
Ao que isto chegou!
Com esta expressão a burocracia de Bruxelas queria fazer passar a ideia de que entre os seus programas e os do FMI havia as diferenças próprias de quem conhece o meio a que os mesmos se aplicam. Por outras palavras, a UE considerando-se herdeira do “saber” dos antigos colonizadores, saberia fugir às principais críticas de que o FMI era alvo, adaptando os programas às características de cada país.
Conversa fiada, como a história se encarregou de demonstrar. A UE desempenhou o seu papel de aliada incondicional do neoliberalismo em todo o mundo onde a sua influência pudesse ser importante.
Stiglitz, embora fazendo incidir a sua críitica implacável sobre o FMI, principal responsável pelas barbaridades ocorridas em todos os países em que interveio, não deixou de criticar todos aqueles que com ele colaboraram no desvario neoliberal ortodoxo, desde os Estados a outras organizações internacionais.
Pois bem, é esse mesmo FMI que hoje aparece a criticar os programas de austeridade da UE, considerando-os antecipadamente responsáveis pela recessão que necessariamente se vai seguir. É o próprio FMI que advoga deixar para mais tarde a questão do défice e da dívida considerando fundamental uma política económica de estímulos à economia que aponte para o crescimento como questão prioritária das economias europeias.
Aquele de cuja companhia ontem se “fugia” por vergonha, é o mesmo que hoje se revela muito mais lúcido no tratamento da questão europeia.
Ao que isto chegou!
Caro amigo JMCorreia-Pinto,
ResponderEliminarObrigado por este excelente e, direi mesmo, luminoso texto para o qual fiz, naturalmente!, link :)
Um grande abraço.