UMA VERGONHA
Uma pessoa comum não pode deixar de sentir-se indignada com a linguagem usada pelo nacionalista El País a propósito da fracassada aquisição, pela Telefonica, da participação accionista da PT na VIVO.
Sabendo todos nós como se passam as coisas em Espanha, é de uma arrogância sem limites a adjectivação usada pelo editorial do jornal no comentário que dedica ao assunto.
Começando pela política externa: Apesar de não passar hoje de um “império de muletas”, como diz Fidel, a Espanha considera a América Latina coutada sua, e age em conformidade, às vezes até muito ridiculamente, quer em relação aos países do continente sul-americano, quer relativamente àqueles que na imperial tradição espanhola lhe disputam a influência na região. E então é muito interessante verificar que as relações da Espanha com os países latino-americanos ou se pautam pela subserviência destes à antiga metrópole (facto historicamente muito favorecido por as oligarquias que durante séculos exploraram os povos indígenas ou os descendentes de escravos serem muito homogeneamente de origem espanhola) ou pela tentativa de os seduzir para alianças contra um suposto inimigo “estrangeiro”.
Na política externa espanhola não interessam afinidades ideológicas, respeito pela democracia ou outros factores do mesmo género, o que interessa é saber se esses países reverenciam a Espanha e a consideram como seu primeiro parceiro. Se não for o caso, são ostracizados indistintamente pela direita e pela esquerda espanhola. Servem para ilustrar esta situação os exemplos da Argentina, que o El País flagela frequentemente, a Venezuela, de que a arrogância imperial do Bourbon relativamente a Chávez na conferência Ibero-americana é um bom exemplo, Cuba e a Nicarágua, obviamente, mas também a Bolívia e todos aqueles que aspiram a emancipar-se de tutelas seculares.
Em sentido contrário, a Colômbia, à cabeça, mas também aqueles que eles cortejam com o objectivo de secundarizar outras influências.
Historicamente derrotada pelos portugueses na América – a única parte do mundo onde Portugal foi efectivamente grande -, humilhada pelos americanos em Cuba e nas Filipinas em 1898, quando o “Império” já andava de muletas, contestada na própria Península Ibérica pelas nacionalidades históricas, afundada numa crise sem precedentes e de consequências imprevisíveis, a Espanha e o seu orgulho, nesta amálgama de factos passados e presentes, julgavam ter encontrado no seu inabsorbível vizinho ocidental a presa fácil para as suas aspirações hegemónicas nas telecomunicações latino-americanas. Enganaram-se.
E feridos no seu orgulho castelhano proferem impropérios contra quem se opôs a esse propósito de dominação hoje imposto pela arrogância do capital. Eles que ainda até há bem pouco tempo travaram uma luta dessa mesma natureza contra o capital alemão nos domínio da energia eléctrica.
É sabido que Castela sempre teve historicamente uma quinta coluna em Portugal. Hoje ela corporizada pelos “modernos” neoliberais, que na sua imensa pequenez continuam a advogar a liberdade contratual como um princípio que assegura a igualdade das partes, sem esquecer obviamente aqueles que, tal como nos tempos passados, o que querem é dinheiro ou mordomias venham elas donde vierem.
Para suavizar o discurso, vamos, portanto, fazer votos para que a selecção de Espanha seja derrotada pelo Paraguai e não tenhamos que esperar pela Argentina (se lá chegar...), antes de mais nada porque entre as promessas de nudez já anunciadas em caso de vitória é muito preferível ficar com a de Larissa Riquelme do que com a de Maradona!
Uma pessoa comum não pode deixar de sentir-se indignada com a linguagem usada pelo nacionalista El País a propósito da fracassada aquisição, pela Telefonica, da participação accionista da PT na VIVO.
Sabendo todos nós como se passam as coisas em Espanha, é de uma arrogância sem limites a adjectivação usada pelo editorial do jornal no comentário que dedica ao assunto.
Começando pela política externa: Apesar de não passar hoje de um “império de muletas”, como diz Fidel, a Espanha considera a América Latina coutada sua, e age em conformidade, às vezes até muito ridiculamente, quer em relação aos países do continente sul-americano, quer relativamente àqueles que na imperial tradição espanhola lhe disputam a influência na região. E então é muito interessante verificar que as relações da Espanha com os países latino-americanos ou se pautam pela subserviência destes à antiga metrópole (facto historicamente muito favorecido por as oligarquias que durante séculos exploraram os povos indígenas ou os descendentes de escravos serem muito homogeneamente de origem espanhola) ou pela tentativa de os seduzir para alianças contra um suposto inimigo “estrangeiro”.
Na política externa espanhola não interessam afinidades ideológicas, respeito pela democracia ou outros factores do mesmo género, o que interessa é saber se esses países reverenciam a Espanha e a consideram como seu primeiro parceiro. Se não for o caso, são ostracizados indistintamente pela direita e pela esquerda espanhola. Servem para ilustrar esta situação os exemplos da Argentina, que o El País flagela frequentemente, a Venezuela, de que a arrogância imperial do Bourbon relativamente a Chávez na conferência Ibero-americana é um bom exemplo, Cuba e a Nicarágua, obviamente, mas também a Bolívia e todos aqueles que aspiram a emancipar-se de tutelas seculares.
Em sentido contrário, a Colômbia, à cabeça, mas também aqueles que eles cortejam com o objectivo de secundarizar outras influências.
Historicamente derrotada pelos portugueses na América – a única parte do mundo onde Portugal foi efectivamente grande -, humilhada pelos americanos em Cuba e nas Filipinas em 1898, quando o “Império” já andava de muletas, contestada na própria Península Ibérica pelas nacionalidades históricas, afundada numa crise sem precedentes e de consequências imprevisíveis, a Espanha e o seu orgulho, nesta amálgama de factos passados e presentes, julgavam ter encontrado no seu inabsorbível vizinho ocidental a presa fácil para as suas aspirações hegemónicas nas telecomunicações latino-americanas. Enganaram-se.
E feridos no seu orgulho castelhano proferem impropérios contra quem se opôs a esse propósito de dominação hoje imposto pela arrogância do capital. Eles que ainda até há bem pouco tempo travaram uma luta dessa mesma natureza contra o capital alemão nos domínio da energia eléctrica.
É sabido que Castela sempre teve historicamente uma quinta coluna em Portugal. Hoje ela corporizada pelos “modernos” neoliberais, que na sua imensa pequenez continuam a advogar a liberdade contratual como um princípio que assegura a igualdade das partes, sem esquecer obviamente aqueles que, tal como nos tempos passados, o que querem é dinheiro ou mordomias venham elas donde vierem.
Para suavizar o discurso, vamos, portanto, fazer votos para que a selecção de Espanha seja derrotada pelo Paraguai e não tenhamos que esperar pela Argentina (se lá chegar...), antes de mais nada porque entre as promessas de nudez já anunciadas em caso de vitória é muito preferível ficar com a de Larissa Riquelme do que com a de Maradona!
Meu caro amigo... aceite o meu pedido de desculpas antecipadas mas... vou ter que acrescentar este link :)
ResponderEliminarObrigado pela frontalidade e a limpeza de raciocínio :)
Abraço.
Aplausos!
ResponderEliminarÓ meu grande anti-iberista, olha que o Saramago te desancaria! :-)))
ResponderEliminarA sério, claro que estou contigo. Até condescendo com uma federação ibérica, mas uma federação de estados com fundo nacional em que Castela-Leão valha tanto como Portugal, Catalunha, País Basco, etc.
Também há a hoje já velha proposta de federação europeia de regiões, não de estados actuais, mas acho isso uma ideia bastante romântica e irrealista.
Bravo! Bravíssimo. É um orgulho saber que há portugueses de espinha direita a pensar e saber escrever assim.
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