O CONTRA-ATAQUE DE CAVACO
Cavaco, acossado pelo “caso BPN”, passou ontem ao contra-ataque, quando, no debate com Alegre, afirmou que não compreendia o que se estava a passar com a administração do banco, já que situações semelhantes no estrangeiro têm, no mesmo espaço de tempo, produzido resultados positivos.
De facto, Cavaco não compreendeu, nem ninguém compreende o que se passa com o BPN. Com uma diferença, Cavaco só não compreende o que se passa a partir da “nacionalização”, enquanto a generalidade das pessoas sérias e sensatas deste país tem desde cedo a percepção de que se iria assitir a uma vultosa transferência para o erário público dos prejuízos acumulados pelo banco, embora muitas delas com dúvidas sobre as reais motivações desta intervenção.
Cavaco, acossado pelo “caso BPN”, passou ontem ao contra-ataque, quando, no debate com Alegre, afirmou que não compreendia o que se estava a passar com a administração do banco, já que situações semelhantes no estrangeiro têm, no mesmo espaço de tempo, produzido resultados positivos.
De facto, Cavaco não compreendeu, nem ninguém compreende o que se passa com o BPN. Com uma diferença, Cavaco só não compreende o que se passa a partir da “nacionalização”, enquanto a generalidade das pessoas sérias e sensatas deste país tem desde cedo a percepção de que se iria assitir a uma vultosa transferência para o erário público dos prejuízos acumulados pelo banco, embora muitas delas com dúvidas sobre as reais motivações desta intervenção.
Sem conhecer a totalidade dos negócios em que o banco está envolvido não é fácil fazer um juízo sobre os motivos que realmente levaram o Governo a apresentar na Assembleia da República uma proposta de “nacionalização” do Banco, nas concretas condições em que ocorreu.
Se há aspectos parcelares, embora muito importantes, que são fáceis de explicar pelas piores razões – como a não nacionalização da Sociedade Lusa de Negócios –, outros há que só podem compreender-se por uma de duas razões: ou são ditados pela protecção de interesses inconfessáveis ou por misto de ignorância e incompetência aliado a um propósito de tirar dividendos políticos colaterais.
Por estranho que pareça, no presente caso, propendo a dar mais importância ao segundo aspecto do que ao primeiro.
Sócrates, sendo um hábil manipulador do poder, principalmente em tudo quanto respeita à sua conservação, é, como homem de Estado, pouco estruturado. Pertence a esta nova vaga de políticos europeus, sem grande preparação académica, iniciada na intriga política desde tenra idade, muita atenta às modas e sempre com grande preocupação de ser “moderna”. São políticos que não estão preparados para afrontar graves crises, porque todos eles são dominados pela conjuntura.
Sócrates ouvia o que se estava a passar na América e depois em alguns países europeus, treslia Paul Krugman nos jornais, e como contava com um grande incompetente no Banco de Portugal, que, além do mais, sempre funcionou como protector dos banqueiros, achou que a nacionalização do BPN não somente o punha a la page, quanto ao que de mais “moderno” se fazia lá fora, como lhe proporcionava um poderoso argumento contra a oposição de direita que então o fustigava pela sua política de grandes investimentos públicos.
Era novamente o “papel do Estado” na economia que Sócrates queria vincar contra aqueles que advogavam uma muito maior moderação na despesa pública. Simultaneamente, Sócrates queria fazer passar a mensagem de que a sua actuação contrariava os princípios neoliberais que a direita advogava, respondendo do mesmo passo à esquerda que o acusava de seguir aquela mesma “cartilha”.
É claro que o modo como Sócrates projecta e concretiza a intervenção do Estado na economia não só não tem nada de anti-neoliberal ou, se preferirmos, de neo-keynesiano, mas antes se conforma com o seu propósito de proporcionar grandes negócios ao capital financeiro e às grandes empresas de construção civil, bem como a todos os demais interesses, pequenos e grandes, que lhes estão associados, rentabilizando depois politicamente, com muita mestria, os apoios dos beneficiários destas acções
Tendo, assim, a crer que é neste contexto político que ocorre a nacionalização” do BPN, leia-se: a transferência para o contribuinte dos prejuízos do BPN, concretizada num quadro de completo desconhecimento dos efeitos económicos do que se estava a fazer, tudo isto baseado numa análise económica totalmente incompetente da responsabilidade de Constâncio e do Ministro das Finanças.
Portanto, Cavaco não percebe por que razão a administração do BPN está num beco sem saída, porque, tal como Constâncio e Teixeira dos Santos, também não percebeu o que na altura promulgou, salvo porventura a convicção, relativamente difusa, de que assim talvez estivesse a “safar” alguns dos seus amigos políticos do “grande sarilho” em que se haviam metido.
Bancos que estavam para a economia americana na mesma proporção em que o BPN está para a economia portuguesa (ou até numa proporção muito maior) faliram às dezenas nos Estados Unidos, limitando-se os depositantes a accionar os mecanismos previstos da Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC), criada em 1933. Esse deveria também ter sido o caminho que o Governo deveria ter seguido.
Se há aspectos parcelares, embora muito importantes, que são fáceis de explicar pelas piores razões – como a não nacionalização da Sociedade Lusa de Negócios –, outros há que só podem compreender-se por uma de duas razões: ou são ditados pela protecção de interesses inconfessáveis ou por misto de ignorância e incompetência aliado a um propósito de tirar dividendos políticos colaterais.
Por estranho que pareça, no presente caso, propendo a dar mais importância ao segundo aspecto do que ao primeiro.
Sócrates, sendo um hábil manipulador do poder, principalmente em tudo quanto respeita à sua conservação, é, como homem de Estado, pouco estruturado. Pertence a esta nova vaga de políticos europeus, sem grande preparação académica, iniciada na intriga política desde tenra idade, muita atenta às modas e sempre com grande preocupação de ser “moderna”. São políticos que não estão preparados para afrontar graves crises, porque todos eles são dominados pela conjuntura.
Sócrates ouvia o que se estava a passar na América e depois em alguns países europeus, treslia Paul Krugman nos jornais, e como contava com um grande incompetente no Banco de Portugal, que, além do mais, sempre funcionou como protector dos banqueiros, achou que a nacionalização do BPN não somente o punha a la page, quanto ao que de mais “moderno” se fazia lá fora, como lhe proporcionava um poderoso argumento contra a oposição de direita que então o fustigava pela sua política de grandes investimentos públicos.
Era novamente o “papel do Estado” na economia que Sócrates queria vincar contra aqueles que advogavam uma muito maior moderação na despesa pública. Simultaneamente, Sócrates queria fazer passar a mensagem de que a sua actuação contrariava os princípios neoliberais que a direita advogava, respondendo do mesmo passo à esquerda que o acusava de seguir aquela mesma “cartilha”.
É claro que o modo como Sócrates projecta e concretiza a intervenção do Estado na economia não só não tem nada de anti-neoliberal ou, se preferirmos, de neo-keynesiano, mas antes se conforma com o seu propósito de proporcionar grandes negócios ao capital financeiro e às grandes empresas de construção civil, bem como a todos os demais interesses, pequenos e grandes, que lhes estão associados, rentabilizando depois politicamente, com muita mestria, os apoios dos beneficiários destas acções
Tendo, assim, a crer que é neste contexto político que ocorre a nacionalização” do BPN, leia-se: a transferência para o contribuinte dos prejuízos do BPN, concretizada num quadro de completo desconhecimento dos efeitos económicos do que se estava a fazer, tudo isto baseado numa análise económica totalmente incompetente da responsabilidade de Constâncio e do Ministro das Finanças.
Portanto, Cavaco não percebe por que razão a administração do BPN está num beco sem saída, porque, tal como Constâncio e Teixeira dos Santos, também não percebeu o que na altura promulgou, salvo porventura a convicção, relativamente difusa, de que assim talvez estivesse a “safar” alguns dos seus amigos políticos do “grande sarilho” em que se haviam metido.
Bancos que estavam para a economia americana na mesma proporção em que o BPN está para a economia portuguesa (ou até numa proporção muito maior) faliram às dezenas nos Estados Unidos, limitando-se os depositantes a accionar os mecanismos previstos da Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC), criada em 1933. Esse deveria também ter sido o caminho que o Governo deveria ter seguido.
(... esta nova vaga de políticos europeus, sem grande preparação académica, iniciada na intriga política desde tenra idade, muita atenta às modas e sempre com grande preocupação de ser “moderna”.)
ResponderEliminarCom o queirosianismo da nossa geração, diria que são políticos à Dâmasozinho Salcede.
Excelente artigo e analise de todo nosso espectro politico.
ResponderEliminarObrigado