sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

ANGOLA - 4 DE FEVEREIRO DE 1961

50 ANOS

Há 50 anos começou em Angola a luta armada. Pouco mais de uma centena de patriotas angolanos, debilmente armados, lançaram em Luanda um ataque contra a Casa da Reclusão Militar, a cadeia da PIDE no Bairro de S. Paulo, uma esquadra da PSP e a Emissora Oficial de Angola. O ataque, apesar de ter sido desencadeado num quadro político relativamente convulso – o desvio do Santa Maria duas semanas antes e a luta dos partidários de Lumumba pelo seu regresso ao poder –, parece ter constituído uma relativa surpresa para as forças coloniais que não esperariam a “contaminação” em Angola dos agitados acontecimentos do Congo.
Sem esquecer a brutalidade da repressão que se seguiu, sem menosprezar a tragédia da Guerra Colonial durante mais de uma dezena de anos, o que importa hoje comemorar, 50 anos depois, é o papel pioneiro e simbólico do 4 de Fevereiro nas lutas de Libertação Nacional de Angola, da Guiné-Bissau, de Moçambique e da importância que todas elas acabaram por ter na derrota da ditadura em Portugal, em 25 Abril de 1974.
A descolonização e as lutas de libertação nacional que a determinaram constituem um marco fundamental na história do género humano – uma conquista civilizacional memorável, mas a luta do Homem pela sua libertação continua. E sempre continuará por mais impossível que conjunturalmente possa parecer alterar o rumo das coisas.

5 comentários:

  1. Zé Manel,
    para que a memória se não continue a apagar, partilhei o post no FK.
    Abraço
    Ana

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  2. A fase da relação colonial foi uma, mais uma, etapa, neste caso a relação de exploração e tinha uma marca rácica/étnica, na penosa evolução da humanidade. Não me parece, contudo, que se justifique a auto-flagelação dos povos. A propósito disto ouço coisas absolutamente incríveis, por exemplo por parte de brasileiros, por exemplo alguma infelizes "tiradas" de Caetano Veloso e outros, sempre com uma aparente raiva por não terem sido "colonizados" por uma potência mais ilustrada como que se eu fosse descendente do explorador e ele do explorado. Quando se fala, por exemplo, dos sanguinários "conquistadores", parece esquecer-se que foram substituir civilizações em que era prática corrente o sacrifício humano. Esquece-se, quando o objectivo parece ser diabolizar o branco, que o trafico escravo tinha a participação interessada de grupos de negros. O que eu não posso perdoar aos Salazaristas é que eles tenham sido tão tacanhos que não tivessem percebido que os poderosos tinha decretado o "fim" da exploração na modalidade colonial, que não tivessem entendido a lição da Indochina, Argélia etc, o que que, por si só, desmente a propalada, agora novamente, genialidade política do Salazar.
    NG

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  3. Não há dúvidas de que o 4 de Fevereiro é uma data seminal, mesmo que ainda hoje esteja por apurar a quem se deve reconhecer os méritos. A caracterização política de personagem tão importante como foi o cónego Manuel das Neves ainda está por fazer, embora eu ache que é o MPLA que mais justificação tem para o chamar como um dos seus, mesmo que não filiado formalmente.

    Isto não quer dizer que prolonguemos até hoje os nossos referenciais juvenis de solidariedade e de luta que era tanto a de cá como a de lá. Infelizmente, as pessoas mudam e com elas os movimentos, as instituições.

    O MPLA da nossa solidariedade já não existe. São os nossos amigos MPLA dos anos 60s os primeiros a dizerem. É também a minha mulher, angolana, mais jovem mas com idade em 1974 para se ter entusiasmado com a independência, que tem muito contato profissional com a Angola de hoje que me previne em relação ao desgosto que eu teria em lá ir agora.

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  4. Meu Caro JVC

    A História não tem idade. A História foi e, por isso, é...
    Abraço
    CP

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  5. Muitos dos que agora ignorantemente se dizem angolanos genuínos, desconhecem ou omitem que os seus antepassados, os povos Bantu ocuparam os territórios que actualmente compõem Angola, pouco antes (sec XIII) e alguns pouco depois dos portugueses (sec XV). Os únicos angolanos genuínos são curiosamente os mais marginalizados dos nativos: os Khoisans (bosquímanes e hotentotes) que se fixaram em Angola à mais de 11 mil anos e os Vátuas que habitaram a sua região o deserto do Namibe, à mais de 3 mil anos, todos os outros povos se fixaram em Angola a partir das migrações da população Bantu e foram-se cruzando entre si, incluindo os portugueses.
    Os Bantu vieram do norte, provavelmente da região da actual República dos Camarões. Esses povos, ao chegarem a Angola, encontraram os Bochimanes e outros grupos bem mais primitivos, impondo-lhes facilmente a sua tecnologia nos domínios da metalurgia, cerâmica e agricultura. A instalação dos Bantu decorreu ao longo de muitos séculos, gerando diversos grupos que vieram a estabilizar-se em etnias que perduram aos dias de hoje.
    A verdade é que perdemos o direito histórico e a soberania, de territórios que conquistámos, em favor de povos que não tinham esse direito histórico, porque nuns casos os seus antepassados chegaram um pouco antes, ao mesmo tempo ou depois dos portugueses, e noutros a terra era deserta, casos de Cabo Verde e S. Tomé e Principe.
    Se isto foi licito, com base na mesma "teoria" os marroquinos defenderão o seu direito histórico a este rectângulo ou a parte dele, porque aqui chegaram antes de nós e aqui permaneceram 800 anos.
    Não eram de facto heróis os que atacaram em 4 de Fevereiro, mas sim Bantus a fazerem o que lhes permitiu ao longo dos séculos aumentar o seu domínio da Àfrica, desde que saíram dos Camarões donde têm origem, atacar, matar e chacinar outros povos.
    Afinal os Bantus agora a dominar o que passou a ser Angola após a Conferência de Berlim são também eles colonisadores e continuam a segregar os indigenas "ab initio" os Khoisans que ainda existem (poucos)no sul de Anfola. Não tentem reescrever a história...contem a verdade aos jovens.

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