quinta-feira, 31 de março de 2011

A COMUNICAÇÃO DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA


O PS ENTRE O PASSADO E O FUTURO


Enquanto o PS, vai oscilando entre a defesa das teses de Sócrates e um ostensivo apelo à formação do Bloco Central, o Presidente da República no seu estilo – pão, pão, queijo, queijo – não agradeceu a Sócrates o exercício das funções (seguramente porque acha que seria uma imperdoável hipocrisia enveredar por tal caminho), fez um apelo velado à maioria absoluta (“que as eleições permitam alcançar um compromisso estratégico de médio prazo”), que logo a seguir matizou, dando a entender que ele poderia não resultar directamente dos resultados eleitorais, e por fim tentou empurrar o Governo – no que foi logo a seguir secundado pelo PSD – para um “pedido de resgate”, se tanto exigirem as necessidades de financiamento da economia nacional.

Nesta linha suicidária de continuidade em que com pequenas nuances se colocam o Presidente da República, o PSD, o PS e o CDS, é interessante analisar o comportamento destes diversos intervenientes.

Portas, tendo perfeita consciência dos riscos que corre, esforça-se por parecer diferente, por dar a entender que não se insere na linha de continuidade, a fim de ganhar espaço que lhe permita tornar-se indispensável ao PSD, para assim atenuar as consequências do inevitável acordo que este terá de fazer com o PS. De facto, sabendo Portas que cobre uma área social politicamente pouco relevante face à cobertura que o PSD assegura, praticamente coincidente com a sua, e que à política económica continuísta do novo governo interessa assegurar por razões político-sociais o apoio do PS, só lhe resta lutar por um score eleitoral que assegure a maioria absoluta em coligação com o PSD, para assim o tornar imprescindível, independentemente dos acordos que venham a alcançar-se com o PS.

Do lado do PS, as posições têm oscilado entre os que seguem a linha Sócrates, responsabilizando, sem apelo nem agravo, o PSD pelo desencadeamento da crise e suas consequências e os que já apelam a um acordo ou “compromisso patriótico”, qualquer que seja o resultado das eleições. Na primeira posição, além de Sócrates, Silva Pereira e Vieira da Silva, está também Assis, que ora vai crispando o discurso, ora o vai amaciando, jogando nas duas hipóteses, não “vá o diabo tecê-las”…Já António José Seguro tendo por certa a abertura da época pós-Sócrates no dia 5 de Junho à noite, vai fazendo o papel de “bem-comportadinho”, deixando claro que, com ele se pode contar, para a formação dos compromissos indispensáveis à política de direita, que ele naturalmente tenta fazer crer – ou acredita mesmo - que é patriótica.

Portanto, a grande diferença entre Sócrates e os seus putativos sucessores é bem fácil de enunciar: enquanto Sócrates quer fazer a política de direita sozinho, sem interferências do partido rival, embora com o seu apoio, voluntário ou involuntário, aqueles que se perfilam para lhe suceder são menos ambiciosos: partem derrotados, porventura pelo desejo de se verem livres de Sócrates, e preparam-se para ser a “muleta patriótica” da direita.

Já do lado do PSD e de Cavaco, a questão é muito clara, tão importante como “chegar ao pote” – e essa questão não se põe para Cavaco – é a total ausência de confiança em Sócrates. É incrível como Passos Coelho tem demonstrado uma total inabilidade para justificar a actuação do partido. Como ele é de facto muito fraco é bem provável que daqui até às eleições ele ainda acabe por dar a Sócrates a “terceira oportunidade”.

3 comentários:

  1. Duas notas. Falar só de Seguro como exemplo da segunda linha é injusto para Luís Amado :-) Depois, acho que JS não terá nunca uma terceira oportunidade. Como discuti no Moleskine, admito uma vitória de JS mas acho totalmente irrealista uma vitória por maioria absoluta. JS em primeiro lugar com amioria realtiva seria uma situação impossível, receio que até com desenvolvimentos perigosos se pensarmos na "magistratura ativa". nem JS e o PS formariam governo minoritário, indesejado por todos e até pelos próprios, nem os outros do "arco" aceitariam uma coligação liderada por JS, nem se está a ver da parte deste o desprendimento de dar lugar a outra figura do PS.

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  2. É pena que não tenha analisado também o comportamento do PCP e do BE que são dois partidos responsáveis com presença parlamentar. Qual foi o contributo deles para tentar evitar a crise e agora para a enfrentar. Porque, francamente, do JS e do PS, depois de seis anos de ataque cerrado e desbragado, ainda não se disse tudo, ainda não se lhes chamou tudo, se insinuou tudo? Atenção, não sou militante do PS, nem de nenhum partido, e não conheço pessoalmente JS.

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  3. Não me admirava nada!
    P.Rufino

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