LULA, O GRANDE ESTADISTA DO NOSSO TEMPO
É já hoje um lugar-comum qualificar Lula, ex-Presidente do Brasil, como um dos grandes estadistas do nosso tempo. Porém, Lula é muito mais do que isso: ele é um dos maiores estadistas mundiais dos tempos modernos.
Normalmente, a opinio communis considera grandes estadistas aqueles que se notabilizaram por feitos guerreiros, quase sempre levados a cabo por outros, por mais importante que tenha sido o seu papel na condução política da guerra ou aqueles que dilataram fronteiras ou constituíram impérios que lhes permitiram depois desempenhar um papel hegemónico na comunidade internacional. Lula não fez nada disso, nem nunca esteve no seu propósito fazê-lo.
No plano interno, Lula retirou da miséria e da exclusão social milhões de pessoas e fez transitar para a classe média outros tantos milhões. Tudo isto Lula conseguiu fazer com um apoio popular de quase 90% dos brasileiros, num país, como o Brasil, socialmente muito marcado pela sua história, no qual as grandes oligarquias nacionais e as pequenas oligarquias locais sempre tinham constituído um obstáculo intransponível a qualquer reforma social que visasse a assegurar a verdadeira cidadania à maior parte dos seus quase duzentos milhões de habitantes. Simultaneamente, Lula fez crescer o Brasil como em nenhuma outra época da sua história, contribuindo com a sua política, não apenas para uma muito mais justa distribuição do rendimento, mas também para que o Brasil passasse a ser um país verdadeiramente independente, desagrilhoando-o das cadeias com que os credores internacionais ciclicamente o aperreavam e subjugavam aos seus interesses.
No plano externo, Lula conseguiu, pela primeira vez na história do Brasil, proporcionar a todos os brasileiros a auto-estima, o orgulho de pertencerem a um grande país, que adquiriu por mérito próprio um lugar incontornável no concerto das nações. Sem subserviências de nenhuma espécie, pondo em prática uma política externa independente, visando obviamente a defesa dos interesses nacionais, mas contribuindo, do mesmo passo, para relações mais equitativas entre o norte e o sul.
Menos de três meses depois de Lula ter deixado o Palácio do Planalto, já há quem vislumbre ou mesmo quem aplauda indícios de uma política externa diferente relativamente ao grande vizinho do norte, que a verificar-se se viria a traduzir, como sempre, numa relação desigual marcada pelo estigma de quem não é capaz de conceber as relações internacionais senão sob o signo da subserviência ou do domínio.
Ainda é muito cedo para recear que a herança de Lula na política externa possa ser adulterada e substituída por uma outra que tenda a alinhar pela defesa hipócrita dos direitos humanos, tal como os concebem aqueles que à menor oportunidade aí estão a demonstra-nos que são exactamente iguais aos seus antecessores.
Que sirva de lição aos brasileiros a arrogância de que Obama deu provas na recente visita ao Brasil, onde nem sequer se coibiu de em território brasileiro fazer uma verdadeira declaração de guerra à Líbia, com o mesmo à vontade com que o faria na Sala Oval.
Foi, assim, à inigualável obra de Luís Inácio Lula da Silva, e por intermédio dele ao Povo Brasileiro, que a Universidade de Coimbra, que tanto representa na história do Brasil, lhe concedeu muito justamente o grau do Doutor Honoris Causa.
Como militante do PS muitas vezes não estou de acordo consigo. Mas hoje estou por completo de acordo com a que diz sobre Lula.
ResponderEliminarSeria talvez útil partir desse denominador comum, que ao que me parece não se limita a duas pessoas, para se estabelecerem pontes entre as esquerdas.