sexta-feira, 5 de agosto de 2011

O ASSALTO CONTINUA

MAIS ÓBVIO ERA DIFÍCIL
Vítor Gaspar garante segundo rectificativo em Outubro

Tal como se previa o actual Governo leva convictamente a cabo uma política completamente contrária ao interesse nacional sem disfarces nem desculpas. Contrariamente ao PS que, cheio de má consciência, não se cansava de proclamar defender de tudo aquilo que a sua prática negava, esta coligação ataca sem tréguas tudo o que não seja a transferência pura e simples do património público para o capital privado.

A falta de vergonha campeia por todo o lado. Desde as nomeações para a Caixa Geral de Depósitos à “compra” do BPN, passando pelo confisco de metade do subsídio de Natal, pelas privatizações dadivosas, sem falar dos milhares de milhões oferecidos aos bancos, tudo, mas tudo, se tornou possível.

Por toda a parte os Estados estão cada vez mais fracos e o capital mais forte. Tão forte que tudo arrisca na busca insaciável do lucro. Primeiro pela exploração ilimitada do trabalho, depois pela espoliação do património público, sem sequer se preocupar com a provável desagregação do Estado, certo de que encontrará sempre naquele plano ou noutro quem desempenhe por sua conta as funções repressivas indispensáveis à continuação sem partilha do seu omnipotente domínio.

O mundo, tal como o conhecíamos, acabou. A “Europa” está no fim: a desagregação iminente. Nos Estados Unidos, o tal Estado mais poderoso do planeta, Obama rendeu-se covardemente e com a sua rendição selou o princípio do fim do Estado que desde o termo da Guerra Civil até à actualidade presidiu aos destinos daquele grande país.

Ainda é muito cedo para se compreender com rigor o que vai acontecer de um lado e do outro do Atlântico. Mas o que já aconteceu permite compreender que nada no futuro será igual ao que até agora conhecemos.

Muito provavelmente, depois de alcançada a completa hegemonia do capital sobre todos os domínios da vida social, política e económica, ele encontrará uma nova forma de organização social que, salvaguardando algumas aparências, se destine a servir exclusivamente os seus interesses.  

Nesta perspectiva, não é de excluir a eclosão de conflitos entre as forças hegemónicas, alguns violentos, mas não necessariamente desencadeados no quadro nacional – conflitos de novo tipo, já que as solidariedades ou as identidades de interesses são transnacionais e hoje já actuam abertamente num plano que tende a dispensar o apoio do Estado, além do mais pela fragilidade a que este chegou.

Pelo contrário, no plano dos interesses subjugados, a luta tem de fazer-se – tem de começar a fazer-se – no quadro nacional. E nesta luta, tal como as coisa se encontram, já não adianta negociar nem participar na formação de pactos ou acordos, mesmo que aparentemente destinados a salvaguardar o que em cada momento parece ser o essencial, já que tais procedimentos nos tempos que correm mais não são do que rendições sucessivas com vista à redução a zero dos interesses pretensamente defendidos.

É por todas estas razões – pelo que se está a passar no “nosso mundo” – que a Revolução, sem ambiguidades, está cada vez mais na ordem do dia. Hoje mais do que nunca a dicotomia é: subjugação ou Revolução.

4 comentários:

  1. Sem querer ser adepto das conspirações, seguindo o rasto dos acontecimentos, o panorama começa delinear subtilmente uma tentativa de dominio global por parte do neofascismo financeiro.O grande perigo é a subjugação das liberdades dos povos á ditadura financeira e ao repisar do percurso que permitiu a eclosão da guerra e ao que chamo de "fase pinball" ou seja -Game over-Insert coin-Play again.

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  2. Meu caro, está tudo no "Admirável Mundo Novo" do Huxley, no "1984" do Orwell...
    Se fizer a síntese deste dois livros, o que aparece? Os Alfas e os Ípsilones, a novilíngua, o duplipensar, a crimideia, tudo o que de mais actual se nos depara. Não esquecer de tomar o "Soma" parece a única saída.
    Cumps

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  3. As ironias da história! Estamos a vislumbrar uma situação em que esta crise do capitalismo, à escala mundial, vai depender em boa parte do que decidir o Poliburo ou lá como se chama do P Comunista Chinês. Porque eles controlam ferreamente o capitalismo chinês selvagem mas dominado (passe o aparente paradoxo, mas que é só aparente).

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  4. «Os homens são tão simples e tão obedientes às necessidades do momento, que quem engana encontra sempre quem se deixe enganar»
    Este admirável Mundo, tem sempre quem se deixe enganar e para dar a volta ao que se está a passar é preciso muita determinação e força da «minoria».....
    E o assalto continuará,para mal de muitos.

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