E, AGORA, ONDE VÃO BUSCAR O DINHEIRO?
A primeira grande demonstração de “solidariedade europeia” que por estas bandas se costuma ouvir, principalmente - mas não só - nas instâncias políticas dirigentes, quando no contexto da situação portuguesa se aborda a crise do euro (a que servilmente chamam crise da dívida) , consiste, a propósito ou a despropósito, em declarar bem alto, para ser ouvido em Berlim e em Bruxelas: “Nós não somos a Grécia”.
Com esta imbecil declaração pretendem, dentro da tal lógica do "bom aluno", captar as boas graças de quem manda, sugerindo um regime de excepção justificado por “bom comportamento” com completo desprezo pelas consequências que tais declarações possam ter sobre a situação da Grécia.
Independentemente de a situação grega ter no essencial as mesmas causas que determinam a crise noutros países periféricos, não é de excluir que a existência de causas específicas possam ter concorrido para a situação existente. Causas a que a populista imprensa europeia não se tem cansado de atribuir grande relevo, a ponto de tais causas , com a passagem do tempo, terem passado a ser consideradas pela generalidade da comunicação social como as verdadeiras causas da crise grega. Basta recordar as reportagens na RTP da panfletária Sandra Felgueiras para logo se perceber até que ponto as grandes centrais da desinformação europeia já “meteram na cabeça” da imprensa aquilo que elas querem que ela diga e escreva.
Pois bem: agora temos a “Grécia em casa”. Os ingleses, e outros, já falam na Madeira como a “ilha desonesta”. Nada que não se soubesse. Toda a gente sabia que a Madeira gastava muitíssimo mais do que aquilo que tinha. A única dúvida estava em saber quanto devia. Sabia-se que era muito, mas não se sabia – nem ainda se sabe com rigor – quanto.
Tudo começou, quando, no actual contexto de “aperto financeiro”, Jardim deixou de ter dinheiro para cumprir os compromissos correntes. Entre optar pelo insulto e pela chantagem (que cada vez vale menos…ou mesmo nada) como tantas vezes tem feito e lançar um angustiante SOS, Jardim, contando com as cumplicidades partidárias do continente, optou por esta última via, convencido que esse seria o melhor caminho para “sacar mais algum”.
Acontece que por incontornáveis razões objectivas a situação que hoje por cá se vive é muito diferente daquela com que Jardim estava habituado a conviver. E aquele SOS levou os “fiscais” do neoliberalismo, com tenda montada em Portugal, a exigir do Ministro das Finanças uma avaliação rigorosa da dívida da Madeira. É de crer que essa avaliação ainda não esteja concluída, mas o que já foi descoberto dá para entender que a dívida da Madeira é “colossal” quando comparada com a do continente.
Agora, o que interessa saber é quem a paga e como. E não se ouvem sobre este assunto declarações tranquilizantes. O que se ouve é dizer que na Madeira há “obra”, que ela se vê e que a Madeira é hoje muito diferente do que era há trinta anos atrás.
Tudo isso é verdade, como igualmente é verdade que o mesmo se passa no continente. Também por cá não há qualquer semelhança, em matéria de infra-estruturas e serviços prestados ao cidadão, entre o que hoje existe e o que existia há quinze anos, com a diferença de, há pouco mais de dez anos, a dívida da Madeira ter sido absorvida pelo continente, o mesmo é dizer perdoada.
Portanto, esse argumento não pode ser utilizado por aqueles que diabolizaram a despesa e que por via de uma campanha sem precedentes a identificaram com o desperdício. É desses mesmos, dos Passos Coelho, das Ferreira Leite, dos Cavaco e dos economistas de meia tigela que regularmente debitam banalidades ideológicas na televisão que nós queremos agora que digam quem paga a conta da Madeira.
Habituados por covardia ou cumplicidade política a calarem-se ou até a apoiarem os desmandos de Jardim, é agora chegada a ocasião de sem meias palavras dizerem o que pensam disto e como deve a questão ser resolvida.
Até agora ainda não se ouviu nada que vala a pena reter…
Na Madeira há "obra". Em Portugal, no contenente, também a há, e que obras! Na Madeira,o régulo e respectivo séquito sempre acreditaram que quem queria ter ilhas, que multiplicavam não sei quantas vezes a superfície económica, sempre pagaria a factura qualquer que fosse o desmando, ameaçando regularmente com a reaparição do flamejante braço armado do separatismo e, outras vezes, com os seus deputados. Como o autor, estou à espera que Cavaco e restantes, (incluindo Guterres Soraes e Cia)
ResponderEliminardigam de sua justiça.
Sei que o autor não concorda, mas no fundo o que o soba quer é mais ou menos a patriótica mutualização que, a outro nível se pretende para a dívida dos Estados, aqui invocando a justificada solidariedade. Um dia destes num programa de televisão (eixo do mal) dizia um participante que "o sr. A.J.Jardim pensa que nós somos a Merckel dele". Elucidativo o raciocínio implícito, mas que vai na cabeça de muita gente.
Luciano Gomes
Excelente... como sempre!
ResponderEliminarObrigado!
Um abraço.
Onde vão buscar o dinheiro? Onde forem buscar para tapar as "imparidades"(muito in o termo!!!!) do BPP, BPN + as astronómicas rendas vitalícias chamadas PPP etc etc.
ResponderEliminarEstou com o pai da nossa democracia!!
Dizia ele: quem são esses senhores contabilistas que querem entrar pelo bancos dentro como se isto não fosse um país soberano? Ele lá pensou que os tais contadores iam chegar à "Madeira" ele, o tal pai, deve ter informação privilegiada. Pronto, os contadores ou contabilistas, fazendo gato-sapato dos contadores, revisores, auditores e conselheiros das nossas respeitabilíssimas instituições de crédito, com a CGD à cabeça, querem ir mais longe atirando lama sobre os nossos queridos lideres, democráticamente eleitos, neste caso escolheram, para conspurcar, pai da dita na Madeira. Aliás, o nervosismo indisfarçável de muitos dos nossos banqueiros, ainda que não tivessem dúvidas sobre a solidez e transparência, rebéu, béu, béu, deixava antever que este sucessivo escarafunchar sempre iria dar a um qualquer frúnculo que disfarçada e traiçoeiramente se tivesse desenvolvido algures no sauúdável tecido bancário nacional.. Pronto, aconteceu..
Aí está a imprensa internacional, mais uma vez, encarniçada, sobre um pobre mas honrado país.
Tudo a assobiar para o lado... como se não houvesse muitos mais culpados. A dívida da Madeira nasceu como nasceram o BPN, as PPP, etc. Que é feito dos poderes de fiscalização do TC? E agora O AJJ? Não brinquem! E ele no fundo só quer do continente aquilo que nós queremos da Europa: que lhe aparem os golpes e "sacar mais algum" para o forrobodó continuar.
ResponderEliminarPara a Madeira luso-bonds, para portugal euro-bonds, tão simples, porquê complicar?
ResponderEliminarSe a troika não descobrisse este
ResponderEliminarburaco, até quando se prolongava a situação ?
Há mais alguns buracos no todo nacional que a seu tempo se descobrirão.
O controlo dos dinheiros públicos em Portugal nunca foi levado a sério ! Agora as instâncias internacionais vão obrigar Portugal a ter atenção a este assunto porque os credores vão estar muito atentos. Quanto mais cedo se acabar com a politica financeira do "faz de conta" melhor
para os portugueses que vivem do seu trabalho.