DEPOIS DO QUE JÁ ESTÁ DITO
Muita gente tem falado sobre as eleições da Madeira e comentado o seu resultado. De uma maneira geral diz-se que Jardim, ganhando, perdeu, que o CDS foi o grande vencedor e o PS o grande derrotado.
Não parece, porém, que isso seja o mais importante. O mais importante é que Jardim voltou a ganhar com maioria absoluta – não interessa se grande ou pequena, é maioria absoluta e isso é que interessa – havendo agora todo o interesse em perceber como se irá ser o futuro relacionamento da região autónoma com o governo da República.
De certa maneira há, formalmente, uma certa semelhança entre a situação portuguesa relativamente à União Europeia (mais correctamente – a certos (poucos) países da União Europeia) e a da Madeira relativamente ao governo central.
Em ambos os casos há uma situação de sobreendividamento com a diferença, ao que parece, de o endividamento da Madeira ter sido contraído maioritariamente junto de credores nacionais e o de Portugal, maioritariamente, junto de credores estrangeiros.
Ambos os casos, porém, têm um ponto comum da máxima importância: nem uma nem outra administração – apesar de uma ser soberana e outra não – podem emitir moeda, o mesmo é dizer, nem uma nem outra podem recorrer ao seu banco central para através da emissão de moeda fazer face às despesas pagáveis em moeda nacional.
Sabe-se como Portugal reagiu à situação de sobreendividamento mal os “mercados” deixaram de o financiar a preços comportáveis pela economia nacional – vergou-se completamente perante os credores e aceitou subservientemente todos os dikats que lhe foram impostos, indo inclusive muito para além deles para por via deste excesso de zelo tentar “reganhar” a confiança dos mercados e cair nas boas graças políticas dos “patrões” da União Europeia.
E, Jardim, o que irá fazer? Vai comportar-se do mesmo modo relativamente ao governo central ou vai actuar diferentemente? E, se seguir esta segunda via, que consequências poderá ter a sua actuação?
Dito de outro modo: a vitória de Jardim é muitíssimo mais importante do que tudo o que sobre ela tem sido dito. Pelo contrário, a vitória não teria tido qualquer interesse se tivesse cabido ao CDS ou ao PS ou a ambos coligados.
Pois, pelo menos parcialmente -não é só formal, penso-, há um paralelismo entre a situação de Portugal e da Madeira. Isto é, por motivos vários,(há explicações/justificações para todos os gostos/interesses), endividaram-se fortemente face ao s/exterior, o que, aliás também aconteceu com os particulares, individuais e colectivas. A vinda a público da gigantesca dívida da RAM deixou em dificuldades muita gente que antes não tinha qualquer problema em discursar sobre a divida do País: causas, consequências e medidas a tomar...Mais curioso ainda foi como essas dificuldades foram sentidas pelas sensibilidades mais extremadas sobre a questão da Dívida ...(o Medina C., por exemplo, considerou a questão "não relevante" Do lado oposto o embaraço foi igualmente evidente.
ResponderEliminarLG