É PRECISO IR MAIS ALÉM
Com intensidade variável, mas com o mesmo sentimento de revolta, os povos do mundo manifestaram no passado sábado – 15 de Outubro – a sua indignação perante uma situação política geradora de um clima económico que os exclui da sociedade em que vivem - desempregando-os, não lhes garantindo o primeiro emprego – ou que os remete para uma degradação acelerada do seu nível de vida quer fazendo-os pagar dividas e desmandos de toda a ordem por que não são responsáveis ou de que não tiraram qualquer vantagem, quer pela redução dos seus salários, quer pela diminuição drástica dos seus direitos sociais e laborais, quer ainda pelo pagamento de salários baixíssimos a roçar o simples nível de subsistência, estabelecidos com base num cálculo muito próximo do que vigorava nos primórdios da revolução industrial.
Estes movimentos impropriamente chamados espontâneos ou inorgânicos são importantes, muito importantes. Por mais que sejam desvalorizados por muitos dos que hipocritamente até os lisonjeiam ou mesmo por aqueles que neles mais não vêem do que uma possibilidade, ainda que remota, de a partir da sua dinâmica tentar levar à prática velhas agendas políticas, a verdade é que eles encerram um valor autónomo e contêm uma salutar proposta de mudança, embora ainda difusa, porventura insegura e certamente ingénua, mas nem por isso menos determinada e prenhe de potencialidades.
Se não há nada mais anacrónico do que tentar explicar o passado à luz do presente, também não é menos verdade que o presente não pode ser completamente entendido a partir do passado que o gerou. As revoltas de hoje são sociologicamente muito diferentes de todas as que conhecemos no mundo ocidental depois da Revolução Francesa ou, mais precisamente, depois da Revolução de Outubro.
Os revoltados de hoje, diferentemente dos de ontem, não estão directamente ligados ao processo produtivo. É certo que com excepção dos excluídos – que são os desempregados e os que nunca conseguiram empregar-se – muitos participam no processo produtivo, mas mantém com ele uma relação difusa e quase sempre afastada do produto final, tanto pelo tipo de funções que desempenham como pela própria natureza da sociedade em que estão inseridos.
Tudo isto cria neles uma mentalidade muito diferente ou, para sermos mais precisos, uma consciência social diversa da de todos aqueles que antes deles lutaram convictamente por uma mudança radical da sociedade em que viviam – umas mudança capaz de alterar a própria natureza das relações de produção e, consequentemente, da estrutura da própria sociedade.
Os revoltados de hoje não pretendem verdadeiramente mudar o sistema, nem aspiram a uma alteração radical da estrutura da sociedade em que vivem. No fundo, o que os anima nesta revolta que percorre o mundo é a busca de uma sociedade mais justa. Uma sociedade em que as pessoas sejam tratadas com equidade e em que os direitos sejam efectivamente respeitados. Uma sociedade que promova a segurança e que os não obrigue a viver no stress quotidiano de não saberem se amanhã ainda estarão empregados, se daqui a um mês continuarão a ter dinheiro para pagar a casa onde vivem, e tantas outras preocupações que constituem o quotidiano das modernas sociedades capitalistas.
Além de que os revoltados de hoje não se propõem ser eles próprios os protagonistas e os executores da mudança. A sua contribuição para a mudança parece esgotar-se na capacidade de pressão que os anima para impelir os detentores do poder no sentido das mudanças que pretendem.
Ora isto é pouco, muito pouco, por maior que seja a dimensão que a revolta conjunturalmente atinja.
Para que a revolta possa produzir os resultados esperados é necessário antes de mais que o movimento que a anima perceba que a luta tem de ser travada com toda a intensidade possível à escala nacional. O facto de a revolta existir à dimensão mundial e de haver pontos de convergência entre todos os revoltosos é certamente um factor muito positivo pela dinamização que esse extraordinário facto traz ou pode trazer à luta de cada um, mas há-de ser da força e da determinação de cada um deles que resultará a força do conjunto e nunca o contrário…por maiores que sejam as solidariedades que venham a estabelecer-se.
Depois, é necessário que os revoltosos compreendam – aqui, nas Portas do Sol em Madrid ou na baixa de Nova York – que a mudança tem de ser operada por eles próprios e que não será uma mudança pacífica, porque não há em nenhuma parte do mundo nenhum estrato de privilegiados que esteja na disposição de redistribuir, por simples dever moral ou por mera pressão política inconsequente, tudo aquilo de que se apoderou – poder económico, político e ideológico – nas últimas décadas à custa da destruição permanente dos direitos alheios, nomeadamente os sociais e os directamente ligados ao trabalho.
Finalmente, tem de haver objectivos políticos claros para cada fase da luta determinados de acordo com a probabilidade de os alcançar. E também não há lutas com êxito sem lideranças fortes, individuais ou colectivas.
Portanto, não basta sermos muitos. Provavelmente não seremos 99%, mas somos muitos. Seremos certamente uma esmagadora maioria. Mas para ter êxito é preciso que os próprios revoltados, antes de mais, tomem consciência da sua própria força e tornem essa compreensão acessível àqueles, ou a muitos daqueles, que, estando na mesma situação ou em situação semelhante à que eles se encontram, continuam tolhidos nos seus movimentos e desesperançados das suas possibilidades de mudança por falta de confiança nas suas próprias capacidades.
Para isso é necessário passar da indignação à revolta e da revolta à tomada do poder de que temos vindo a ser aceleradamente excluídos! E isso é possível começando por não ter medo ao medo, que é uma das armas mais poderosas que o poder ideológico dos interesses instalados, por usurpação dos nossos direitos, mais frequentemente brande contra qualquer hipótese de mudança!
Nunca como hoje o mundo facultou aos que o habitam a possibilidade de uma vida melhor e diferente. O terror ideológico que prega o catastrofismo económico e a insubstituibilidade do poder financeiro à escala global não passa de uma arma de propaganda do sistema constituído destinada a criar cenários irreais e a difundir fantasmas aterrorizadores com o fim paralisar a acção e inviabilizar qualquer hipótese de mudança.
Sim, inteiramente de acordo, é preciso ir mais além...
ResponderEliminarMAS NÃO A INCENDIAR CARROS E A ATIRAR GARRAFAS AOS POLÍCIAS e coisas similares de terra queimada.
Sejamos práticos e eficientes:
Com mentes tão brilhantes que frequentam este blogue digam, sendo verdade que cerca de 3.000 milhões dos impostos é por causa do BPN, como se consegue responsabilizar os espertinhos que lucraram com o BPN e também aqueles que os deixaram lucrar lucrando e, que tipo de recepção deve ser feita aos accionistas ou ex- accionistas da SLN quando chegarem à Portela e, bem assim que leis devem ser feitas para, como, à maneira americana, congelar todos os bens desses espertos, até que se saiba como enriqueceram.
Não me venham com inconstitucionalidades, pois o TC sabe muito bem como declarar correcto quando quer, quando o orçamento está em perigo.
Esse grupo imobiliário cuja reportagem vinha ontem denunciado no Público e que ganhou milhões com aprovações de deferimento tácito com uma urbanização, ninguém quer saber como isso ocorreu?
Não há chefes de serviço, arquitectos, presidentes de câmara, que respondam, assim como identicamente sucedeu com aquela urbanização da Praia do Meco?
Não há leis, nem órgãos do Estado que nos defendam desses bailarinos entre a função pública de chefes de serviço de Câmaras e de Ministros a saltar para CEO´s de grandes empresas que depois negociam com o Estado concessões e contratos milionários lesivos dos cidadãos a quem agora EXIGEM QUE PAGUE A CONTA?
Mas temos leis e tribunais administrativos, comerciais, fiscais e criminais SÓ PARA CAÇAR O MISERÁVEL e o pequeno e médio empreendedor cujo crime, SINGULARMENTE SÓ CONSISTE EM IMITAR OS GRANDES DELAPIDADORES DA COUSA PÚBLICA, (que até prescrevem)?
Temos um MINISTÉRIO PÚBLICO, leis e meios preparado para não deixar passar um cêntimo mal gasto?
Pode qualquer cidadão aceder facilmente ao teor de um contrato celebrado e ou a celebrar por ex.º pelas Câmaras ou ministério sem ser barrado por isto e aquilo?
Não é verdade que um vereador eleito nem sequer consegue ter acesso a um contrato (vejam os pareceres da CADA)?
Não é verdade que o Município de Vimioso, não consegue fazer uma mini-hídrica porque o ICNB anda a chumbar o projecto por causa das lontras? Mas quem anda a matar lontras e a estragar o bucho?
Não perceberam ainda que todas estas e outras entidades ( a que não escapa a CERTIEL) com poderes discricionários e na prática incontroláveis (permitidos pelas leis em vigor) estão a minar tudo com burocracia e o empastelamento num clima “abafadinho e gostoso” para a corrupção?
SE FOR FEITO O TRABALHO DE CASA e se se começar a limpar radicalmente não vai ser preciso ir muito mais longe.
Dá mais trabalho exigir aos deputados e aos tribunais que funcionem que atirar uma garrafa a um polícia...
ESTOU DE ACORDO.
ResponderEliminarÉ preciso ameaçar cada deputado, qualquer que seja, do PSD, CDS ou BE que vote a parte do OE que permita a integração dos fundos de pensões da banca na Seg. Social.
Este Primeiro-ministro está a gozar com o pagode.
Então para dar confiança aos mercados vão integrar esses fundos para SÓ conseguirem, EM 2012 BAIXAR O DÉFICE em 3 qualquer coisa por cento, dizendo que esse efeito não perdurará nos anos seguintes ?
MAS SE CONFESSADAMENTE ISTO É UMA MAQUILHAGE só para CE ver..., e se nós ( TODOS) sabemos que isso vai trazer encargos acrescidos nos anos futuros para todos os contribuintes, safando-se a banca das suas responsabilidades e ficando limpinha e valorizada, pergunto e respondo:
ESTÃO A INSULTAR A MINHA INTELIGÊNCIA e a considerar-me parvo; Será que os da finança e das praças não sabem que “isso” não os vai fazer baixar os juros que querem? E não ficam eles contentinhos com os seus activos a valorizarem-se ?
NÃO ESTOU DISPOSTO A PAGAR A PENSÃO por ex.º dos ex administradores reformados da banca incluindo os da CGD, BdP, BCP, BPI, BES ETC, para SE LIVRAR A BANCA DESSES ENCARGOS FUTUROS E AUMENTAR OS SEUS LUCROS para proveito do capital sem regras e sem moral.
Portanto, cada deputado deve ser advertido do que está a fazer. CADA UM, PESSOALMENTE, isto é uma afronta, uma descarada afronta.
Anónimo 17 de Outubro de 2011 12:30, em relação a termos uma justiça para ricos, poderosos e famosos, e outra para o resto, veja só o que o Meritíssimo Juiz presidente do Sindicato dos Magistrados Judiciais disse no programa que a 1ª Dama de Sintra tem com Medina Carreira na TVI no dia 10-10-2011:
ResponderEliminarhttp://www.tvi24.iol.pt/videos/pesquisa/medina+carreira/video/13498964/1
Trata-se dum excerto de 40 segundos, mas posso assegurar-lhe que, instado pela 1ª Dama de Sintra a especificar melhor o que quis dizer com aquilo, o Meritíssimo Juiz elencou uma série de actos processuais que travam o andamento dos processos, não interrompendo a contagem dos dias para a prescrição. Claro que esses actos processuais não são baratos, logo não são para todas as bolsas ...
Esta malta quer combater terrorismo social com instrumentos obsoletos como as greves e as manifestações de sobe e desce a Avenida.
ResponderEliminarMeus queridos, o momento é histórico e grave.
Vai ser preciso coragem física e vigor moral.
Vamos ter que levantar a peidola e sujar as maozinhas...
Esta malta quer combater terrorismo social com instrumentos obsoletos como as greves e as manifestações de sobe e desce a Avenida.
ResponderEliminarMeus queridos, o momento é histórico e grave.
Vai ser preciso coragem física e vigor moral.
Vamos ter que levantar a peidola e sujar as maozinhas...
e iremos forçosamente mais além, se a governação continuar a insistir em sacrificar os mesmos de sempre.
ResponderEliminarCaros amigos
ResponderEliminarEsta análise está muito bem explanada.
A nós também nos parece que quem pensa que isto pode ser resolvido de forma pacífica, está redondamente enganado.
De facto não será necessário incendiar carros ou partir montras.
Mas se calhar temos que usar o "fisico", para fechar o acesso à A.R. depois a S.Bento, depois ir até alguns ministérios, ir a algumas empresas e institutos onde estão acoitados muitos dos representantes desta escumalha politica e porque não ir até Paris "explicar ao senhor sócrates que estamos muito zangados.
Seja como for temos que sujar a camisa.