A POLÍTICA DAS MEIAS VERDADES
Como se disse no post anterior, Cavaco tem uma irreprimível tendência para se “meter na boca do lobo”. Mas isso não acontece por acaso. Cavaco usou frequentemente a demagogia quando era Primeiro ministro. Muito "bem acompanhado" por gente que ficará tristemente assinalada na história desta democracia portuguesa, Cavaco usou durante dez anos os meios de comunicação com mestria, tendo recorrido para isso a todos os Moniz de serviço que para ai existiam.
Agora, muito desacompanhado e até relativamente distanciado daqueles que na sua área política vêem nele um estorvo, Cavaco comete erros sobre erros, inaceitáveis para quem anda na política há tanto tempo.
Mas há em todos eles um pecado original que tem acompanhado Cavaco desde o início e que é a verdadeira causa das reacções indignadas que as suas palavras, ou as explicações que as sucedem, têm gerado entre os portugueses: a falta de transparência.
É a falta de transparência que está base do episódio das escutas; é a falta de transparência que nunca lhe permitiu explicar as particulares condições de compra e venda das acções da SNL; é a falta de transparência que o fez cair naquela trapalhada explicativa da permuta da qual resultou a “casa da Coelha”; e é também a falta de transparência que o enredou no episódio das reformas.
O que indignou os portugueses no triste episódio das reformas foi, por um lado, a omissão de recusa do ordenado de Presidente da República por opção por um rendimento mais vantajoso e, por outro, a insistência despropositada numa pensão obtida por trabalho em part-time, deixando implícito um rendimento mensal que estava muito longe de corresponder ao realmente auferido.
Como também aqui já se disse o que estava a perturbar Cavaco era a hipotética perda dos subsídios de férias e de Natal da pensão do Banco de Portugal, numa altura em que via outros amigos seus acumularem pensões e ordenados obscenos sem que lei alguma se oponha a isso.
Estas manifestações contra Cavaco, além de saldarem velhas contas (dez anos de arrogância à frente do Governo), são também a expressão do profundo mal-estar que grassa na sociedade portuguesa e que somente precisa de um pretexto para se manifestar.
Infelizmente, não estão a atingir o elo mais forte, nem o alvo que interessava abater. Pelo contrário, o Governo até pode tirar vantagem de um Presidente mais enfraquecido e menos credível.
ora bem. e enquanto isso, passam os salgados...
ResponderEliminarMeu Caro venho aqui a ver se tomo conhecimento da linha justa e desde 24 que estou eu e os outros assim sem bússula, sem Norte.
ResponderEliminarAndo a pensar que esta coisa dos indignados não chega. No mínimo revoltados e mesmo assim...
Um abraço.
Meu Caro
ResponderEliminarPoucos conhecerão tão bem como tu o "rumo certo". Mais ainda: actuar no rumo certo.
Lembro-me muitas vezes da tua narrativa sobre o pai do Edmundo Pedro, então com mais de 70 anos ...
Abraço
CP