segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

REGRESSANDO…


SEM TER SAÍDO




Um blogue levanta problemas que o facebook não tem. Para escrever um post é preciso ter alguma coisa para dizer. No facebook, pelo contrário, diz-se: “olá, tudo bem?”, e fica tudo dito.

Se o blogue é de comentário político, ou mais latamente sócio-político, escrever apenas para manter a regularidade da escrita, como quem cumpre uma obrigação auto-imposta, não parece uma boa ideia.

Quem escreve fá-lo por prazer pessoal, mas também por haver a íntima convicção de quem lê a sua escrita pode tirar dela alguma vantagem, seja de que natureza for.

Se essa convicção não existe, por não haver nada de novo para dizer, se há a terrível sensação de repetição ecoando numa ensurdecedora tautologia, principalmente numa altura em que já há muita gente a dizer a mesma coisa, para quê escrever?

Que a maçonaria se transformou numa organização pouco recomendável e desacreditada, com protecções e favores ilegítimos, incompreendidos pela fraternidade como conceito universal, será um tema novo apenas por se ter trazido à luz do dia as maquinações urdidas numa loja maçónica?

Que o capital não tem pátria nem tão-pouco se deixa desmoralizar se não for atingido na sua mola vital - o lucro -, poderá constituir uma novidade para quem quer que seja?

Que o Presidente da República busque conciliar o inconciliável menos por convicção do que por necessidade de encontrar um espaço político, por reduzido que seja, onde possa situar-se para, se tiver que actuar, o fazer ex post facto, mantendo até lá um pé em cada lado, também não constitui uma novidade.

Também não terá nada de inesperado antecipar um agravamento da crise em 2012. E novo também não será ligar, como consequência inevitável, esse agravamento às políticas recessivas impostas pela troika e aplicadas com inexcedível zelo e não menor convicção pelo governo português.

Mais difícil será prever as consequências políticas da crise, para além das que são óbvias e se repercutem naqueles que mais directamente a suportam, por haver no ano que agora começa uma conjugação de factores de consequências imprevisíveis.

Haverá bancarrota? Terá um pequeno país espaço e credibilidade para angariar os financiamentos de que vai necessitar num ano - mais concretamente, nos próximos seis meses - em que Itália, França, Espanha e Alemanha terão de ir ao mercado para arrecadar uma quantia rondando o bilião de euros? E o que irá entretanto acontecendo à Grécia? Em que mês vai abandonar o euro? E quem se vai importar que uma parte da Europa, a começar pela Hungria, caminhe para uma espécie de “fascismo pós moderno”?

Há no ar qualquer coisa que cheira a fim de uma época…








5 comentários:

  1. Fim de época: concordo, receio bem que sim. Há quem limite a fim de ciclo. Mas também posso ampliar o receio: fim de civilização. É que a nossa não tem nada a ver com a chinesa.

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  2. De acordo com o fim desta civilzacao, que comecou no Tigre e o Eufrates,passou-se para a Grecia,Roma,Americas e foi terminar na Terra do Fogo.A relegiao e os seus principios que estao aguentando,mas perdendo, por mais pouco tempo as fases que a Europa tem suportado atraves dos tempos e perdendo o acompanhento feroz perante a tecnologia que criou outro mode de viver e pensar, tornando o Mundo num pequeno quadrado de bolso. Pode como dis e bem, o Dr Correia Pinto nao haver outra maneira a nao ser comecar de novo ( os desiquilibrios sociais sao inormes!) Claro que eu, e apenas eu,penso,que a reviravolta para um outro inicio, sera pelo mesmo lado,esta as portas do Medio Oriente em que a Europa e os Estados Unidos terao que se refazer desde os principios econmicos,sociais e geograficos para poder responder a uma nova fase de globilizacao que sera mais e cada vez mais complicada.Claro que a crise do capital desta vez foi para alem dos vinte anos,mas,penso que as parteleiras da China a" abarrotar"pode de facto obrigar a voltar outro vez ao protecticionismo e ai tem que vir a forca militar.

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  3. o fascismo pós-moderno mete-me medo. junte-se-lhe o pragmatismo chinês e é o horror, como dizia o outro no filme

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