O CASO ESPANHOL
Como se sabe uma das imagens de
marca do Bundesbank, que depois se espalhou pela Europa, a ponto de ter moldado
a natureza do BCE, é a sua independência.
Os bancos centrais têm de ser
independentes, dizem os alemães, e preocupar-se apenas com o valor da moeda.
Um dos nossos primeiros neoliberais,
muito conhecido, já falecido, até dizia que o dinheiro deveria ser como o poder
judicial – independente!
Só lhe faltou afirmar que, dada
esta intrínseca natureza do dinheiro, deveria a sua atribuição fazer-se por
concurso público àqueles que melhor a soubessem preservar. Mas
aí eles não chegam…
Vem tudo isto a propósito da
actuação de Rajoy na recente cimeira da NATO, em Chicago.
Na cimeira do G8, realizada no
dia anterior em Camp David, Hollande considerou desejável que a banca espanhola
fosse recapitalizada com o apoio dos mecanismos financeiros europeus.
Claro que Rajoy ficou furioso. A
Espanha que, tanto com Zapatero como com Rajoy, tem reiteradamente mentido sobre
a calamitosa situação do seu sistema financeiro não gostou nada que lhe tivessem
exibido em público as suas fragilidades.
E menos gostou ainda já está a
pagar as consequências do grito bárbaro por lá tantas vezes ecoado do: “Nós não somos a Grécia!”.
Para tentar sair da situação em
que se encontra – insustentável se os juros se mantiverem ao nível a que já estão
durante mais uns dias -, Rajoy foi pedir a Merkel que autorize o BCE a fazer
empréstimos a longo prazo aos bancos ou a comprar obrigações da dívida pública
espanhola no mercado secundário ou ambas as coisas.
E assim, com o beneplácito de
Merkel, se mantém e se garante a independência do BCE!
Mas, vamos lá ver, a "independência" é um fim ou um meio para o objectivo fixado: estabilidade dos preços?
ResponderEliminarNunca li os estatutos do BCE ou BB, mas é o que tenho ouvido/lido.
A interferência "boa/germânica" nessa independência prejudica o objectivo? Parece que não. Algures nos anos setenta o franco/marco andava na razão de 5/7 (+-), quando da criação do euro já era à volta de 1/3, portanto...
É evidente que isto é uma constatação e não um juízo sobre a bondade do tal objectivo.
Isto é um bocado como o argumento de que a violação das regras de Maastricht começou pela Alemanha e França. Vale como argumento mas escapa à essência da coisa.
LG
o problema é que Espanha e a Itália é que assustam a Merkel...
ResponderEliminarAnda por aí muito pessoal a desviar as atenções... dum problema que salta à vista:
ResponderEliminar- Porque é que não foi dado o alerta?!?
Era óbvio que, quando rebentasse a bolha imobiliária, tal iria ter consequências muito nefastas para o país... todavia, no entanto, enquanto a economia ia crescendo 'alegremente' com a bolha... muitos economistas forma impedidos, pela comunicação social, de dar o alerta para os perigos do DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO NÃO SUSTENTÁVEL promovido pela bolha imobiliária - 'Ratoeiras Economisticas' organizadas por economistas ao serviço de 'Bilderbergos'.
"- Porque é que não foi dado o alerta?!?"
ResponderEliminarAlguns dos grandes culpados foram os Bancos Centrais que não cumpriram as suas funções de regulação. Em Espanha tão mal como em Portugal. Tanto que a UE considerou o Banco Central de Espanha inapto para a realização de auditorias aos bancos em dificuldades e exigiu a contratação de consultorias independentes (se calhar serão ainda um bocadinho menos independentes do que o Banco de Espanha mas enfim).