domingo, 3 de junho de 2012

NOTAS DE FIM DE SEMANA



DE RELVAS, SEMPRE RELVAS, PASSANDO PELO BORGES ATÉ AO AUSENTE PORTAS


RELVAS, O ADORMECIDO - Relvas foi novamente à Comissão de Direitos, Liberdades e Garantias, depois de Passos Coelho ter estado no plenário a debater as “secretas”. A audição de Relvas não adiantou quase nada ao que já se sabia. Apenas a reafirmação de mais umas tantas “explicações inconsequentes” e a confirmação de encontros de que também já se sabia terem existido. Mas é óbvio que de uma audição nunca poderia resultar uma prova de tipo judicial. Nem era isso o que se pretendia ao contrário do que tentaram fazer crer a verborreia de Telmo Correia ou a argúcia de Matos Correia. O que ficou na convicção dos ouvintes é mais do que suficiente para tivesse deixado de haver dúvidas sobre o papel de Relvas neste Governo e das suas ligações. Relvas é o homem político que no Governo trata dos negócios e por isso tem de estar estreitamente relacionado com todos aqueles que se servem da política para fazer negócios. O que ganham uns e outros? A avaliar pelo que se tem passado – e não há nenhuma razão para supor que as coisas vão ser diferentes, pelo contrário, até podem piorar – ganham, e muito, aqueles que estando fora se servem da política para fazer negócios, bem como aqueles que estando dentro fazem os negócios servindo-se da política. Os ganhos dos primeiros são de natureza exclusivamente patrimonial, o próprio peso político que têm ou vão adquirindo serve este objectivo; os outros ganham perpetuação no poder (pelo menos, é isso o que eles pensam) e ganham os meios que lhes assegura essa perpetuação. Muito provavelmente a espiritualidade deles não se fica por aqui, pois como muito bem já dizia Eça, que espiritualidade resiste a um bom naco de carne? E é disso que se trata. Cristina Ferreira, a jornalista do Público que em 26 de Fevereiro publicou o “dossier da Ongoing”, já tinha esclarecido com aquela publicação muito do que agora se está a passar. Quanto ao resto, é só juntar as coisas: está lá tudo e estão lá todos!!!



ANTÓNIO BORGES, O CONSELHEIRO – António Borges, ex-quadro da Goldman Sachs, ex-funcionário do FMI, ex-Messias do PSD, administrador do Pingo Doce, foi recuperado pelo Governo de Passos Coelho, como 12.º ministro sem nome, para coordenar as privatizações e outros negócios do Estado. Nas privatizações ele traz consigo toda a experiência adquirida na Goldman Sachs, uma das mais tristemente célebres instituições financeiras do nosso tempo, com responsabilidades directas em todas as crises da actualidade (subprime, na América; contas gregas) e com interesses directos em todas as privatizações.

Este refinadíssimo (deixo ao leitor o cuidado de pôr o substantivo, simples ou composto), com ordenados conhecidos de muitas dezenas de milhares de euros por mês, alguns deles isentos de impostos, e com ligações ao grande capital financeiro, agiota e especulativo, escolhido pelo Governo de Passos Coelho para coordenar as privatizações e fazer negócios do Estado, como os da Cimpor e outros de muito dinheiro que ai vem, que garantias de imparcialidade, de honestidade, de defesa dos interesses do Estado pode apresentar aos portugueses que o não conhecem – e são quase todos com excepção de Marcelo Rebelo de Sousa? A única coisa que os portugueses sabem dele, além dos lugares por onde passou - todos, sem excepção, pouco recomendáveis - é que ganha dezenas de milhares de euros por mês e exigiu, como conselheiro, que os salários dos portugueses fossem diminuídos com urgência! Isso os portugueses sabem e a outra coisa que também sabem é que, tal como Relvas, trata de negócios.

PORTAS, O AUSENTE – Não há palavras para definir Paulo Portas. Feito ministro de Estado pelo número de deputados que aportou à coligação, Paulo Portas é o grande ausente da política portuguesa. Hoje apareceu em Santarém para “apoiar a lavoura” e negar, pelo silêncio, apoio ao Relvas, porque quando se trata de lavoura convém não confundir as coisas. Quanto ao resto, continua ausente, até da política europeia, dominada por Gaspar e Passos Coelho e também da África e do Brasil, que estão por conta do Relvas. Apareceu a propósito da Guiné-Bissau para anunciar uma desastrosa operação pseudo-militar, mas depois de a coisa ter dado para o torto, tanto internamente (pelas complicações financeiras que trouxe e está trazendo às Forças Armadas) como internacionalmente (Portugal foi completamente arredado da eventual solução da crise), deixou o pobre e incompetente ministro da Defesa a braços com um problema que ele não qualquer capacidade de resolver. E de Portas nunca mais se ouviu falar nesta matéria. Um grande artista…

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