terça-feira, 7 de maio de 2013

A GRANDE MISTIFICAÇÃO


 

A VELHA TÁCTICA

 

Quanto mais brutal é a ofensiva mais necessidade há de a disfarçar através de manobras de diversão variadas, todas elas engendradas com o objectivo claro de distrair as atenções do essencial de modo a evitar uma rejeição espontânea e unânime como a que ocorreu em 15 de Setembro do ano passado com a TSU.

Na passada sexta-feira Passos Coelho anunciou as linhas programáticas, mais ou menos concretizadas, da incidência do brutal corte de despesa pública que o Governo se prepara para pôr em prática, indo mais uma vez muito além do muitíssimo que já era exigido pela Troika.

Para atenuar o efeito psicológico desta verdadeira declaração de guerra aos portugueses, feita em nome e na defesa dos interesses dos credores estrangeiros e daqueles que cá dentro mais têm beneficiado da austeridade – Bancos, EDP, Galp, usurários das PPP, etc. –, o Governo, seguramente assessorado pelos profissionais das agências de manipulação, pôs em prática, antes, simultaneamente e logo a seguir ao anúncio daquelas medidas, três tipos de acções todas elas destinadas ao mesmo objectivo: desviar as atenções do essencial e fazer crer às pessoas que está a chegar um tempo novo, diferente do que elas infelizmente conhecem.

Primeiro, foi o programa de crescimento do Álvaro, encenado com tanto cinismo que até o próprio Álvaro parecia convencido da sua veracidade e viabilidade.

Depois, foram os comentários dos ex-presidentes do PSD, logo seguidos por uma matilha que obedientemente lhes fareja o rasto, tentando fazer crer que a influência maléfica de Gaspar sobre a economia tinha os dias contados. É preciso de facto uma grande "lata" para no preciso momento em que Passos e Gaspar voltam a anunciar mais um brutal ataque contra os portugueses e a economia nacional haver quem diga que a política vai mudar. E o descaramento destes comentadores é tanto mais revoltante quanto é certo eles saberem que não se trata de um ataque pontual, destinado a vigorar este ano ou no ano que vem, mas de um ataque estrutural, para ficar.

Finalmente, a rábula de Portas objectivamente ao serviço da mesma encenação. Não se vai ao ponto de afirmar, como alguns fazem, que se trata de uma manobra combinada com o parceiro de coligação, porque isso significaria dar trunfos a um concorrente eleitoral, posto que situado na mesma área. Mas trata-se indiscutivelmente de uma manobra eleitoralista, cujos efeitos na consistência da coligação e na sua política estão milimetricamente calculados. De facto, Portas concorda com o essencial, em cuja definição política aliás colaborou intensamente, estando apenas disposto, pelas razões indicadas, a limitar alguns dos exageros mais gritantes das propostas da dupla Passos/Gaspar. E mesmo assim vamos ter que esperar para ver até onde vai essa “fronteira” de que ele falou. Uma coisa, porém, é certa, a intervenção de Portas serve, tal como os comentários de Marcelo/Marques Mendes, os objectivos essenciais da política de austeridade e visa, tal como aqueles comentários, diminuir a resistência popular às medidas anunciadas com cuja concretização concorda em mais de 85%! Portas quer tanto ou mais que o PSD que a coligação se mantenha e tudo o que até agora tem feito, sob a capa da pseudo divergência, visa aquele objectivo que ele logra alcançar de uma forma, digamos, mais inteligente.

Perante isto, o PS bem pode continuar a “bater” nas divergências entre o PSD e o CDS e na falta de consenso entre os parceiros de coligação. Eles podem bem com isso, apesar de alguns danos colaterais que este “jogo” lhes causa. Mas que importância tem os danos colaterais face àqueles que de outro modo atingiriam, com as consequências que se conhecem, o próprio Governo na sua essência?

Compreende-se que o PS faça a sua luta na periferia do essencial, já que a sua margem de manobra é muito escassa: por um lado, defende uma política que não depende de si, mas de terceiros, e, por outro, aceitou aprovar um tratado que coloca em pé de igualdade com as ideologias proibidas – fascismo, racismo, etc., - o neokeynesianismo na condução das políticas económicas públicas! É muito…

2 comentários:

  1. A cáfila de comentadores de serviço em geral e o Marcelo e o Mendes em particular, deixaram cair a máscara. O papel de que está incumbido o M Mendes é, simplesmente, nauseante.
    LG

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  2. Certo.
    Não basta ter razão.
    Que fazer para lá do sonho urgente
    de varrer a canalha?

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