quarta-feira, 17 de julho de 2013

O QUE PENSA O PS DA PRESENTE CRISE?

O QUE PENSAMOS NÓS DO PS
 

 

O que pensa o PS da presente crise não é uma pergunta de fácil resposta. Quem ouve ou lê Mário Soares acha que o PS ficou muito satisfeito com a humilhação a que Presidente da República sujeitou Paulo Portas e também Passos Coelho na comunicação que fez ao país por nem sequer se ter referido à proposta de remodelação governamental que este último lhe apresentara no dia anterior. Mas quem se recordar do que Mário Soares disse quando começou a bater forte neste Governo e na passividade do Presidente da República, a quem acusava de não ser um Napolitano, não pode deixar de perguntar se esta iniciativa de Cavaco não passará a ser bem vinda se tiver por objectivo último a constituição de um governo de “salvação nacional”.

Se esquecermos Mário Soares e nos recordarmos das declarações de José Sócrates no domingo passado – Sócrates o dirigente socialista que depois de Soares mais marcou o partido – somos levados a pensar que, para além da humilhação que a intervenção de Cavaco representou para o governo e da situação indigna em que (essa mesma intervenção) colocou o Primeiro Ministro, a proposta do Presidente da República é inaceitável para o PS. Diz ainda Sócrates que, depois de se ter mancomunado com o Governo e ter constatado o descalabro a que este conduziu o país, o que Cavaco agora pretendia era oferecer ao PS uma pá para que este, juntamente com o PSD e o CDS, continuasse a escavar, aprofundando a austeridade.

Manuel Alegre diz que a proposta de Cavaco visa ”entalar” o PS enquanto o “comentador” Santos Silva acha que quem quer “entalar” o PS é o Partido Ecologista “Os Verdes”.

Já João Galamba diz que as negociações em que o PS está participando não podem conduzir a nenhum acordo…porque o Presidente da República está pedindo ao líder do PS que se suicide

De Seguro nada ou muito pouco se pode dizer. Depois da comunicação de Cavaco esteve silencioso ou até talvez incontactável, tendo a posição do PS ficado resumida a um lacónico comunicado lido por Alberto Martins do qual resulta, em síntese: a exigência de eleições antecipadas sem definição de prazo; a nula disponibilidade para apoiar a actual ou qualquer outra solução governativa no presente quadro eleitoral; a exigência da extensão do convite do PR para negociações ao PCP e ao BE, aceitando como boa a resposta de ambos independentemente da formulação do convite; e, finalmente, a firme disposição de não participar em negociações com o Governo.

Com excepção de Sócrates e de Galamba, que foram claros na indisponibilidade do PS para participar em qualquer acordo com a direita e da recusa de “cortes” no Orçamento para cumprimento do já acordado com a Troika por Passos e Gaspar, tudo o resto é muito obscuro e não deixa qualquer garantia ao cidadão comum nem daquilo que o PS anda a fazer nas conversas com o CDS e o PSD nem daquilo que o PS realmente quer fazer.

De facto, o PS oficial apenas se pronunciou sobre questões processuais com a firmeza que se lhe reconhece sempre que a direita aperta com ele.  Maria Luís Albuquerque e Carlos Moedas, dois membros influentíssimos da política de terrorismo económico do Governo bem como Poiares Maduro, recém-empossado Ministro da Propaganda, fazem parte das negociações desde ontem, embora não estejam certamente a falar com o PS porque o PS não negoceia com o Governo. Por outro lado, as conversações que o Bloco propôs ao PS tiveram apenas uma ronda porque o PS, neste momento grave que o país atravessa, não entra em jogos partidários… ( e lá ficou o rabo todo de fora: sim, as conversas que está ter com os outros não partidárias, são com membros do governo; enfim, outra respeitabilidade…).

Quanto às questões de fundo conhecem-se as pressões dos patrões (pedem acordo, que acordo?), dos banqueiros (esses, a gente sabe o que eles querem), da UGT (que acordo quer a UGT?), de Ramalho Eanes (que parece querer o que quer Cavaco) e da matilha de comentadores a soldo da Troika e do capital financeiro.

Perante este quadro, agravado pelo silêncio do PS sobre as questões substantivas, diz a experiência que o PS dificilmente resistirá às pressões da direita. Dizem certos comentadores independentes que um acordo representaria o suicídio de Passos ou de Seguro, consoante o seu conteúdo; a Portas não se referem certamente porque a experiência demonstra que dá para os dois lados. Pois bem, o provável suicídio de Seguro levaria a que o acordo se fizesse, fosse respeitado e depois o PS lavasse a alma correndo com ele.

Perante este silêncio, esta tentativa de excluir os principais interessados dos assuntos que lhes dizem directamente respeito e a respeito dos quais não passaram procuração a ninguém, absolutamente a ninguém, para deles tratar e, muito menos, sobre eles decidir, os portugueses começam a inclinar-se para a hipótese destas negociações sair um acordo que confirme na totalidade ou em parte (este ano) o corte já negociado com a Troika com a promessa, como contrapartida, do os partidos subscritores – os partidos da Troika – se empenharem conjuntamente na renegociação de certos aspectos do Memorandum que enunciarão. Ou seja, primeiro farão o que eles querem e o que Cavaco e Carlos Costa exigem e depois …bem, depois far-se-á o que a Troika ou os “patrões da Europa” decidirem.

4 comentários:

  1. O P.S. não merece... dizia O'Neill.
    Ainda não deu o traque... mas já cheira mal (digo eu).

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  2. José Luís Moreira dos Santos17 de julho de 2013 às 17:53

    Visto por este prisma, que está deveras bem documentado, o P.S. pensa, embora fosse entendimento meu que apenas se movia numa única direção, como as mulas. O que eu tenho para aprender!
    José Luís Moreira dos Santos

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  3. www.youtube.com/watch?v=BNR_yrpq_Pk

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