terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

A ALEMANHA HOJE E HÁ 73 ANOS


 

O MESMO OBJECTIVO: DOMINAR A EUROPA

 

A Alemanha pretende fazer hoje com a política monetária e de crédito o mesmo que há 73 anos fazia com as divisões da Wermacht: dominar a Europa. Então, também ela tinha bons aliados na Península Ibérica e muitos derrotistas por essa Europa fora, a começar pelos franceses. Então, como hoje, houve quem achasse que não valeria a pena lutar contra a Alemanha. A luta só tornaria mais dolorosas as consequências da derrota.

Esse era o sentimento dominante na maior parte da Europa. Só que havia a outra parte, a que se não vergou, a que sofreu as duras consequências de ter tido a coragem de combater. Entre esses estiveram os gregos, que, primeiramente, resistiram e contiveram Mussolini e, depois, lutaram heroicamente contra os alemães, apesar das perdas que sofreram e dos sacrifícios por que passaram. Hoje, como há 73 anos, os gregos voltam a resistir ao domínio alemão e recusam a humilhação naccional.Tal como hoje, também então os alemães contaram com a cumplicidade e a colaboração dos que internamente traíram a pátria, mas que nunca foram suficientes para quebrar a resistência de quem não aceitava a submissão ao domínio estrangeiro.

Hoje, como há 73 anos, a Alemanha não aceita acordos nem compromissos. Exige a capitulação sem reservas. É essa natureza arrogante e autoritária da Alemanha que se mantém intangível como o demonstra a recusa de um encontro bilateral com Tsipras.

Merkel e Schäuble têm hoje no BCE e na Comissão Europeia os instrumentos que desempenham um papel semelhante ao das divisões com que há 73 anos essa mesma Alemanha supunha ter dominado a Europa, um domínio que ia desde os Pirenéus até às portas de Leninegrado e de Moscovo e quase às margens do Volga. Hoje, o panorama de dominação é muito idêntico: de fora apenas a Grã-Bretanha e a Rússia tal como há 73 anos.

Há 73 anos os que tiveram a coragem de se opor aos alemães e de os combater ganharam. Hoje, para vencer os alemães é preciso lutar. Uma luta guiada pela ideia de vitória. Os que estiverem à espera que seja a Alemanha e os seus aliados a mudar a Europa, acordarão com uma Europa germanizada constituída por “patrícios” e “Untermenchen”. Quando verdadeiramente despertarem do logro em que caíram já nem forças terão para lutar. Estarão exaustos económica, política e moralmente.

Essa a razão por que a luta da Grécia exige a nossa solidariedade. A luta da Grécia é a nossa luta. Não participar nessa luta por calculismo político ou oportunismo de ocasião equivale a cavar a sepultura da nossa insignificância futura.

Nesta luta não haverá meio-termo. Ou se está por ou se está contra. E o que importa é que as águas fiquem divididas com clareza. O pior que poderia acontecer seria tomar por aliado quem realmente o não é. Quem vai tomando posição em função das circunstâncias, aguardando ambiguamente que o tempo passe e a situação se esclareça para não ter de arcar com as desvantagens da luta.

Finalmente, é bom que se perceba que as propostas que a Grécia apresenta à Europa são praticamente idênticas àquelas de que a Alemanha beneficiou depois da derrota para pagar as suas dívidas. Com uma diferença de vulto: a Grécia é país pacífico. Nunca invadiu a Alemanha!

 

 

10 comentários:

  1. A firmeza do contribuinte alemão, não cedendo à pressão vinda da imprensa marioneta da superclasse (alta finança - capital global), É FUNDAMENTAL PARA SALVAR A EUROPA!!!
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    -> Depois de andar a 'cavar-buracos' um pouco por todo o lado (nas finanças públicas, na banca)... a superclasse (alta finança - capital global) quer pôr o contribuinte a tapar os buracos por si cavados!
    -> Ora, de facto, depois de 'cozinhar' o caos..., a superclasse apareceu com um discurso, de certa forma, já esperado!... Um exemplo: a conversa do mega-financeiro George Soros: «é preciso um Ministério das Finanças europeu, com poder para decretar impostos e para emitir dívida».
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    -> O discurso anti-austeridade que circula por aí... pressupõe a existência de alguém que vai pagar/suportar o deficit... e já existe um alvo escolhido: o contribuinte alemão!
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    -> A superclasse pretende 'cozinhar' as condições que são do seu interesse:
    - privatização de bens estratégicos: combustíveis... electricidade... água...
    - caos financeiro...
    - implosão de identidades autóctones...
    - implosão das soberanias...
    - forças militares e militarizadas mercenárias...
    resumindo: estão a ser criadas as condições para uma Nova Ordem a seguir ao caos - uma Ordem Mercenária: um Neofeudalismo.
    {uma nota: anda por aí muito político/(marioneta) cujo trabalhinho é 'cozinhar' as condições que são do interesse da superclasse}
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    PARA 'CORTAR' COM AS REGRAS DA SUPERCLASSE HÁ QUE:
    -1- REDUZIR O PODER DOS POLÍTICOS... leia-se: votar em políticos não é (não pode ser) passar um cheque em branco... isto é, ou seja, os políticos e os lobbys pró-despesa/endividamento poderão discutir à vontade a utilização de dinheiros públicos... só que depois... a 'coisa' terá que passar pelo crivo de quem paga (vulgo contribuinte)... isto é... deve existir o DIREITO AO VETO de quem paga!!!
    {ver blog 'fim-da-cidadania-infantil'}
    -2- garantir o DIREITO À SOBREVIVÊNCIA DAS IDENTIDADES AUTÓCTONES... ou seja: não existe problema em os 'globalization-lovers' gostarem de o ser; há é que criar condições para que as Identidades Autóctones possam sobreviver... leia-se: os 'globalization-lovers' que fiquem na sua... desde que respeitem os Direitos dos outros... e vice-versa!
    {ver blog 'Separatismo-50-50'}
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    P.S.1.
    O novo Primeiro Ministro grego Tsipras e o seu Ministro das Finanças Varoufakis, contrataram como conselheiros do governo a empresa Lazard.
    A empresa Lazard é uma instituição financeira de New York, e fica entre os tubarões mais tubarões da Finança especulativa.
    A Lazard em 2013-2014 trabalhou com JP Morgan e Deutsche Bank para "tratar" do governo da Etiópia. Exacto, a Etiópia: aquela onde existe a fome... agora a Etiópia ficou presa numa armadilha especulativa feita de obrigações de uma magnitude suficiente para colocar o País e seus recursos nas mãos de Chicago e Wall Street para os próximos 70 anos.
    {http://informacaoincorrecta.blogspot.pt/}
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    P.S.2.
    Uma das primeiras medidas do novo governo grego foi a (re) contratação das 595 (!?!?!?!?!?!!!) empregadas de limpeza do ministério das finanças.
    {http://31daarmada.blogs.sapo.pt/}

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  2. Excelente Post! Nem mais!
    P.Rufino

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  3. Há uma grande diferença entre o Mundo de hoje e o de há 70 anos. Hoje a Alemanha não pode ter as aspirações que tinha então, de modo nenhum, nem militar nem económicamente. O seu peso relativo está drásticamente reduzido. Há uns anos o Helmut Schmidt explicou isso claramente a propósito da hipotécica entrada da Turquia. A grande dúvida (e curiosidademinha) esta em saber que grau de liberdade que o Grande Irmão está disposto a conceder-lhe. Sobre a Grécia, o Grande Irmão vai obrigar a Alemanha a acomodá-la, lembrando-lhe, com certeza, como tambem ele se tem esforçado pagando pela "segurança" do Mundo Livre, será ainda tempo de, mais uma vez, a RFA desempenhar a sua tarefa. Além disso não pode haver dispersão, tem que se resolver a insubordinação a Leste! Tenho cá uma fezada que vai ser assim. Vai exigir alguma ginástica à engª Merkell e Cia, mas rápidamente os alemães vão entender as prioridades, são um povo culto e instruído..

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  4. Também me parece que capitulação é o que pretende a Alemanha, pois a espiral da dívida – créditos em cima de créditos – e a recessão austera, tornaram qualquer solução inexequível; isto, caso a mesma não abranja propostas apresentadas pelo governo grego…
    Não percebo a mesquinhez de grande parte deste nosso povo, pobrete e armado em credor, quando devia ser solidário perante uma situação parente da nossa.

    Excelente postal, reflectindo o paralelismo com o que se passou há 73 anos! Só uma nota: tem por aqui spam…

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  5. Abraham Chévre au Lait4 de fevereiro de 2015 às 09:11

    Mas está tudo maluco? Então a História não se repete,até como uma farsa? Confiamos na Ciência ou em fézadas? Fézadas para a Cova da Iria,já!

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  6. Meus Caros Senhores:
    A Uniao Europeia nao tem nem nunca teve: estruturas
    nem sociais,nem geograficas, nem economicas e ainda rodoviarias para ser uma uniao! Ou sai a Grecia
    ou sai a Alemanha e com ela a Englaterra! Ficara as
    Frances so com os PIGS.Esperemos (poucotempo)
    para ver.

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  7. Como é que posso partilhar isto sem que à cabeça da partilha surja aquele arrazoado desgrenhado de um tal pvnam?

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  8. José Luiz Ferreira, chapéus há muitos, de facto! Ou, rolhas também, como talvez goste. Todavia e, como acabou por fazê-lo, respire fundo.
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  9. Delicio-me com os seus textos. Obrigada por nos dar a oportunidade de ler as suas mto boas observações acerca do que vai sucedendo na actualidade.

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