O QUE FOI DITO
Um debate
que não serviu os interesses do país. E desta vez nem sequer se pode dizer que
a culpa tenha sido da apresentadora.
Do lado dos que defendem uma TAP pública ou discordam desta privatização
tudo ou quase tudo correu mal. Luís Ferreira levou o debate para campos de reduzido
interesse ou que só servem o interesse dos privatizadores. Insistir
excessivamente no papel dos reguladores é inútil e não leva a nada. Toda a
gente sabe que em noventa por cento dos casos os reguladores digam o que
disseram existem ou para fazer o que o Governo quer que façam, quando o governo
tem sobre a sociedade e a economia uma perspectiva neoliberal, ou para dizerem
aquilo que o capital quer que digam. O interesse dos cidadãos e o combate à concentração da riqueza é coisa que eles jamais defenderão ou farão. Quem esperar o contrário é ingénuo. Por outro
lado, trazer à colação a compra pela United Airlines de uma fracção do capital da
Azul, qualquer que seja a volta que se lhe dê, só serve só o interesse do novo
dono da TAP e favorece o ponto de vista do Governo. Nada pior em debates do
que não perceber nada de política!
Ana Paula Vitorino, em representação do PS, jogou permanentemente
à defesa. Embora porventura saiba muito mais do que disse, quis manifestamente
guardar-se para quando for governo e manter em aberto as duas hipóteses de um Governo
PS: ou renegociar uma recomposição do capital social ou declarar que não é
possível fazer essa renegociação. Se das palavras de Costa na Grande Entrevista
se pode vislumbrar uma certa intenção de materializar a proposta do PS, das de
Ana Paula Vitorino apenas se colhe a ideia de que há uma pressão velada sobre
os compradores, embora se fique sem saber se é para “espectador ver” ou se é
mesmo para levar a sério.
António Pedro Vasconcelos que tem tido uma acção cívica a
todos os títulos notável acabou por não referir o que politicamente era
essencial – a continuação da responsabilidade do Estado pelas dívidas da TAP e
o embuste que esta privatização representou por dela se ter dado ao público uma imagem
completamente diferente do que realmente aconteceu. É certo que referiu
algumas questões importantes, mas poderia ter ido mais além no escasso tempo
que lhe concederam.
Do lado do Governo, referir antes de mais a extrema habilidade
de Fernando Pinto para fugir às questões difíceis e de saber apresentar sempre
as coisas de modo convincente para o grande público, principalmente se não
houver entre os seus contraditores quem ,com argumentos válidos, seja capaz de desmontar
a sua retórica. Negativo, o excessivo elogio aos novos patrões.
Pita Ferraz da Comissão de Acompanhamento é o exemplo acabado
de um cromo que poderia ter sido completamente colado à parede se os seus
opositores fossem outros. Além de ser uma insuportável e pouco inteligente voz
do dono, nem sequer o negócio conhecia em pontos essenciais, como, por exemplo,
a possibilidade da sua reversão sem custos para o Estado durante o tempo que mediou
entre a assinatura dos contratos promessa e a assinatura dos contratos
definitivos. Estava ali para defender o Governo, sem qualquer imparcialidade e
poderia ter-se tornado num aliado precioso se as suas “competências” tivessem
sido bem exploradas pelos seus contraditores.
O Secretário de Estado, aparte a questão do secretismo do
negócio e da natureza semi-clandestina do seu encerramento, não chegou a ter
necessidade de se defender por nunca ter sido atacado nos pontos nevrálgicos da
privatização.
Assim, não se vai lá…
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ResponderEliminar~ Deixei de ver o referido programa por ser sempre inconclusivo.
~ Uma análise meritória de um feio negócio ilegal...
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Salvem-se os vivos de olhos abertos
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