UMA BURLA EM JEITO DE FARSA
As audiências a que Cavaco se entregou depois da crise política que provocou, entremeadas por umas
férias na Madeira, além de demonstrarem, se necessário fosse, a desconsideração
com que trata o Parlamento e os portugueses que nele se sentem representados, constituem
também um exercício inútil e desnecessário. Inútil por estar a ouvir pessoas que se
representam a si próprias e desnecessário por as suas opiniões serem por demais
conhecidas e antecipáveis por qualquer pessoa que siga com um mínimo de atenção
a vida política portuguesa. Uma burla, portanto, em jeito de farsa.
Perguntar a Ferraz da Costa o que é que ele pensa de um
governo de esquerda é um exercício inútil e desonesto, como inútil seria
perguntar-lhe hoje o que pensa ele da independência das “colónias”, o que pensa
do 25 de Abril, o que pensa da PIDE, tudo questões inúteis, já que as
respostas que ele daria a estas perguntas são conhecidas. E quem diz Ferraz da
Costa, diz outros exactamente como ele.
E chamar os banqueiros para serem ouvidos em nome do povo
português é uma ofensa inqualificável. Que é que um banqueiro, qualquer que ele
seja, tem hoje a dizer ao povo português, tem a dizer a qualquer europeu? Só
pode dizer: “Peço muita desculpa pelos inúmeros
sacrifícios que a minha ganância vos fez passar”. É que os portugueses, com
excepção de meia dúzia, não foram brindados pelos banqueiros com a compra de
acções pelo dobro ou triplo do preço por que tinham sido adquiridas…
E que respostas lhe podem dar ex- Ministros das Finanças que
ou fugiram ou deixaram défices enormíssimos para quem os substituiu ou levaram
o país à falência?
Cavaco tem de ouvir rapidamente os partidos, que lhe devem
manifestar a sua inequívoca reprovação por terem sido preteridos numa consulta
em que deveriam ter sido únicos, e indigitar António Costa como Primeiro
ministro, limitando-se a exercer daí
para a frente os poderes que lhe restam como Presidente da República.
E os partidos devem exigir-lhe uma decisão rápida, uma decisão que
termine com a obstrução que tem vindo a ser feita ao pleno funcionamento da Assembleia
da República e do Governo, pondo termo à irresponsável conduta de impedir o
regular funcionamento das instituições.
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ResponderEliminar~ Uma fantochada imparável!
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Esta criatura permite-se brincar com o fogo
ResponderEliminarporque já é cinza
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ResponderEliminar~ Foi uma pena ter desaparecido da blogosfera,
pois as suas análises são muito interessantes.
~ Dias de confraternização alegres e felizes.
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