A HEROICIDADE DOS OUTROS
Os que na comodidade dos seus
sofás, em Lisboa, exigem a presença de Puigdemont em Barcelona desconhecem
certamente as "querelas" que Mazza, o Fiscal Geral do Estado, deduziu
contra os independentistas, bem como o montante das fianças que a juíza
encarregada da instrução do processo vai impor a cada um deles para continuarem
em liberdade, sob caução.
Como certamente desconhecem a
argumentação que levou a que alguns deles venham a ser julgados pela Audiência
Nacional de Madrid, uma espécie de Plenário da Boa Hora da
"democracia" espanhola, como também desconhecem a argumentação que
levou à acusação da pratica do crime de "rebelião", que é no ordenamento
jurídico espanhol um crime decorrente da pratica de actos violentos, como, por
fim, desconhecem os anos de cadeia a que por força do cúmulo juridico estariam
sujeitos os condenados.
Ou seja, completamente
condicionados pela tal ideia de que a Espanha é uma democracia e que nas
democracias os julgamentos, as decisões dos tribunais e as penas são justos e
proporcionais à natureza dos actos praticados, as pessoas que "
exigem", na comodidade dos seus sofás, a presença de Puigdemont em Espanha,
o que na realidade estão a exigir é a prisão perpétua para o Presidente da Generalitat.
Assim é fácil ser herói. Já
tínhamos encontrado destes heróis " democráticos" noutras
ocorrências. São os mesmos que, em nome da coragem alheia, " exigiam"
que Assange se entregasse para ser executado nos Estados Unidos.
Compreendemo-los: uma pena de prisão perpétua ou uma execução numa democracia ocidental, garantida pela NATO, é muito diferente de uma prisão perpétua ou de uma execução numa falsa democracia ou numa ditadura pura e dura!
(Este texto foi publicado no Facebook depois de ter sabido que uma parte do governo da Catalunha se tinha ausentado para Bruxelas. Fica aqui registado para memória futura. Talvez interesse acrescentar que ser preso nunca é uma boa coisa. Importante é combater sem ser preso. Assim como também não é morrer pela Pátria. Importante é viver e lutar pela Pátria! Aliás, nem se percebe, num país como Portugal, donde vem essa animosidade pelos que se exilaram para continuar o seu combate: que diriam Cunhal, Delgado ou Soares entre tantos e tantos outros!)
Muito bom. Fez-me lembrar um tal que se diz da literatura.
ResponderEliminarQual martírio e qual prisão perpétua? Que eu saiba, estamos na fase do inquérito... Ser-se simplesmente suspeito de tais crimes não quer dizer de todo que se acabe acusado dos mesmos.
ResponderEliminarJaime Santos, dê-me por favor conta de um caso, de um processo político instaurado em Espanha em "Democracia" que não tenha acabado em condenação. A qualificação da conduta como rebelião é absolutamente inacreditável, como inacreditável é a 2competência" da Audiência Nacional - O Plenário da Boa Hora.
ResponderEliminarQuanto à pena, temos a pena máxima, por rebelião, mais a pena máxima por "malversación", tudo isso somado - sim, somado, porque o cúmulo jurídico em Espanha é uma conta de somar - dá quarenta anos, como a maior parte deles tem mais de quarenta...Francamente1
Essa mania de Jaime Santos acorrer pressuroso a tudo o que provenha de algum "estado" da UE, que possa comprometer o concerto do directório europeu.
ResponderEliminarDeitar água benta e flagelar quem possa estragar o banquete alemão. (Entendendo-se como alemão todos os que se lambuzam, como os grandes interesses económico)
O receio é tanto que depois saem ao JS estas pérolas