UM SIMPLES
APONTAMENTO
Já tinha fechado o computador, mas, depois de ouvir certos comentários, não resisti a deixar aqui
este apontamento.
A direita do PS é
ardilosa. Tem vivido contrariada estes dois últimos anos. Está calada, ou
quase, porque não tem alternativa. Culpa Passos por este desfecho. Anseia por
outra solução. Esta coisa de ter de estar a negociar permanentemente com a
Esquerda irrita-a. E pior ainda é ter de ouvir repetidamente os remoques do PC
e do BE, sem que das palavras de um ou de outro saia em nenhuma circunstância
um gesto de gratidão, julgado devido a quem os tirou do “gueto”. Depois, há os grandes e pequenos interesses patronais
que nunca estão verdadeiramente tranquilos com esta solução. E aqueles que no
PS os representam sentem estas “dores”, principalmente num tempo em que tanto
se tem falado da reposição do regime laboral pré-troika.
Esta
direita do PS sabe, melhor que ninguém, que está bem representada no Governo em
áreas nevrálgicas. Mas não chega. Anseia, repito, por outra solução. Por uma
solução sem esta imagem de dependência à Esquerda.
Vem isto a propósito das esperanças que Jorge Coelho põe na
liderança de Rui Rio de quem espera um regresso à verdadeira natureza
do PSD – a natureza “social-democrata”, ou seja, a natureza que ele, como muito
bem se sabe, nunca teve. A sua natureza é PPD, como Santana Lopes não se cansa
de sublinhar.
Evidentemente, que no PSD não são todos iguais. Há certamente alguma diferença entre Passos e outros que por lá também passaram. Mas a
principal diferença é a que resulta de Passos ter sido mais claro do que todos
os restantes na definição de objectivos comuns, como claramente resultou da sintonia com Cavaco
que aliás se mantém sempre que Cavaco abandona temporariamente o sarcófago para, na sua mui erudita sabedoria, nos lembrar quão errados estamos por seguirmos uma via que despreza a "realidade" para privilegiar a "ideologia".
que aliás se mantém sempre que Cavaco abandona temporariamente o sarcófago para, na sua mui erudita sabedoria, nos lembrar quão errados estamos por seguirmos uma via que despreza a "realidade" para privilegiar a "ideologia".
Quando Coelho lembra o papel do PSD no SNS, na escola
pública, na segurança social bem como dos princípios universalistas que o
orientaram na formulação destas políticas só pode estar a querer dizer a Rio
que minta sobre o que tenciona fazer, tal como ele, Jorge Coelho, está a mentir
sobre o passado do PSD ao atribuir-lhe um património político que ele nunca
teve.
Portanto, o pior que poderia
acontecer a este país era o PS ganhar as próximas eleições legislativas com
maioria absoluta. E ai daqueles que à esquerda do PS lhe derem o voto por se
sentirem muito felizes com as políticas que tem sido postas em prática bem como
com os seus resultados, já que ao fazê-lo estariam a abrir de par em par as
portas à direita do PS. Uma direita que ainda não percebeu que, nos tempos que correm,
não há nada mais mortífero para um partido socialista ou social-democrata do
que uma política dita de centro, na verdade nada equidistante das
polaridades sociais, visto servir sempre muito mais os interesses da direita do
que as aspirações da esquerda.
" Quando Coelho lembra o papel do PSD no SNS, na escola pública, na segurança social bem como dos princípios universalistas que o orientaram na formulação destas políticas só pode estar a querer dizer a Rio que minta sobre o que tenciona fazer, tal como ele, Jorge Coelho, está a mentir sobre o passado do PSD ao atribuir-lhe um património político que ele nunca teve.
ResponderEliminarPortanto, o pior que poderia acontecer a este país era o PS ganhar as próximas eleições legislativas com maioria absoluta."
Isso!
"a Direita do PS". E o PS tem outro lado?! Curioso, conheço-os há mais de 40 anos e nunca dei por isso. Para mim, sempre foi um partido cortiça. Flutua em todas as conveniências...
ResponderEliminarDesculpem lá, mas só um aparte.
ResponderEliminarA imagem que acompanha o texto é muito boa
Não me parece que este tipo de ataques ao PS seja de louvar, muito menos agora. Todos os partidos têm a sua esquerda e a sua direita. Se a direita do PS é ardilosa, e será, a esquerda do BE é de temer e a do PCP de arrepiar. Não podemos esquecer que foi o PCP e foi o BE que, devido â sua raiva contra o PS, ajudaram a abrir o caminho que levou o PSD de Passos Coelho ao poder. Eu sei que é triste lembrá-lo!
ResponderEliminarÉ triste lembrar a Manojas mas está equivocado. Quem abriu caminho à subida ao poder de Passos Coelho foi em primeira mão o PS. E depois o voto do PSD e do CDS no PEC 4
ResponderEliminarTanto o PC como o BE não mudaram a sua posição desde o PEC 1.
A esquerda nunca poderia votar as medidas anunciadas para o PEC 4:
PEC IV – março de 2011
Medidas adicionais para 2011:
- Corte total de 1360 milhões; saúde – 85 milhões; SEE -170 milhões; AP, incluindo FSA -170 milhões; segurança social -170 milhões; despesa de capital (investimento público) 595 milhões.
- Saúde – redução de custos com medicamentos, sendo que o balanço do ano de 2011 se traduziu de facto numa redução da despesa do Estado em 19,2% mas em paralelo num aumento de 9,3%, isto é mais 66 milhões de euros, de despesa para os utentes.
- Corte despesa SEE em 15%. Traduziu-se por exemplo em aumentos médios que segundo o Governo eram de 15%, mas que em muitos casos de passes e outros títulos de transportes muito utilizados chegou aos 20 ou 25%.
- Corte nos serviços públicos (administração direta e SFA – exceto SNS, CGA e ensino superior).
- Corte no investimento público, designadamente escolas, equipamentos coletivos e infra estruturas de transportes em 400 milhões de euros.
- Aumento de receitas com concessões do jogo, comunicações e energia e também venda de património.
ResponderEliminarPara 2012 e 2013 em concreto quadro II.2, página 15 e seguintes
Despesa:
- Redução da despesa em pensões 425 milhões de euros em 2012.
- Redução de custos com medicamentos e subsistemas públicos de saúde 510 milhões em 2012 e 170 milhões em 2013, dos quais: acordo com a Apifarma de redução de 140 milhões em 2012 de que não se sabe exatamente o resultado, sabendo-se contudo do já referido aumento dos custos com medicamentos para os utentes em 66 milhões de euros; corte nos hospitais públicos de 5% em 2012 e 4% em 2013; corte na saúde dos trabalhadores da administração pública (ADSE e outros) de 170 milhões; agregação em centros hospitalares e agrupamentos de centros de saúde, corte de 10 milhões em 2012 e 20 milhões de 2013.
- Encerramento de escolas e outros cortes na educação, incluindo mega agrupamentos – redução de 340 milhões em 2012 e 170 milhões em 2013.
- Outros cortes na administração pública (“consumos intermédios”) 340 milhões em 2012 e 170 milhões em 2013, incluindo por exemplo “racionalização da rede de tribunais”, isto é, encerramento de tribunais equivalente ao corte de 60 milhões em 2012 e 2013.
- “Controlo da atribuição das prestações sociais”, isto é, agravamento da aplicação da condição de recursos nas prestações sociais, restrições ao acesso ao subsídio de desemprego e de doença, congelamento até 2013 do IAS com consequência em todas as prestações que lhe estão indexadas e em paralelo aumento de cobrança de contribuições aos trabalhadores no valor de 340 milhões em 2013.
- Reduções no SEE, designadamente indemnizações compensatórias (por exemplo no serviço público de rádio e televisão), planos de investimentos e custos operacionais (por exemplo investimentos em escolas, outros equipamentos e infraestruturas de transportes) 595 milhões em 2012 e 170 milhões em 2013.
- Corte regiões autónomas e autarquias 170 milhões em 2012.
Receitas:
- Redução das deduções e benefícios em IRS, isto é, aumento deste imposto, com aumento de receita (em conjunto com alterações ao IRC) de mais 680 milhões em 2012 e 170 milhões em 2013.ntretanto o PEC IV vangloria-se de medidas já em curso (“reformas estruturais”) como a chamada “melhoria da flexibilidade e adaptabilidade do mercado de trabalho com uma revisão da legislação laboral que teve importantes reflexos, por exemplo, no indicador de flexibilidade do mercado de trabalho construído pela OCDE”. Trata-se afinal da conhecida revisão para pior, pela mão de Vieira da Silva, do código de Bagão Felix. Aliás com o PS tivemos: o fim do princípio do tratamento mais favorável; uma ainda maior generalização da precariedade por exemplo com um novo contrato de trabalho intermitente; a alteração do período experimental para 180 dias (depois declarada inconstitucional); a desregulamentação dos horários de trabalho com os bancos de horas, as adaptabilidades e medidas afins; facilitação do processo de despedimento e diminuição dos recursos de defesa dos trabalhadores; o ataque à contratação coletiva com a caducidade dos contratos; o ataque à liberdade de organização sindical e ao direito à greve, designadamente com a tentativa de instituição abusiva de regras de serviços mínimos.
Facto significativo também é o compromisso com a “antecipação do programa de privatização” face ao PEC III, prevendo-se um valor de 2184, 2255 e 1145 milhões respetivamente em 2011, 2012 e 2013.
- Aumento do IRS para reformados e pensionistas (nivelamento por baixo da dedução específica) em 255 milhões de euros a partir de 2012.
- Alteração de taxas do IVA (“progressiva simplificação”) com um aumento de cobrança de receitas de 170 milhões em 2012 e 510 milhões em 2013.
- Aumento de outros impostos sobre o consumo em mais 255 milhões em 2012.
Factos são factos. O PCP e o BE juntaram-se ao PSD e fizeram cair o governo do PS, e daí. Sei que é triste lembrá-lo, mas foi assim, por mais justificações que se alinhem. Trocaram o PECIV pelo PSD.
ResponderEliminarFactos são factos.
ResponderEliminarMas quem fez cair o governo do PS foi o próprio Sócrates mais os seus PEC 1 e 2 e 3 e 4.Governações à direita, com a direita, para a direita e que tiveram o apoio explícito e táctico da dita direita para os PECs 1 e 2 e 3.
Basta ir consultar os factos e respeitar a verdade histórica. Se o PSD achou que tinha chegado a hora de ir ao pote cabia ao PS deixar as alianças com a direita e virar-se para a esquerda, abandonando aquele nojo miserável dos PECs de má memória.
Quem mudou não foi o PC e o BE. Quem mudou foi a aliança de direita face ao seu parceiro de políticas
É pena relembrar a Manojas mas factos são factos. Contribuir para as aldrabices do governo sócrates mais as da direita do PS é que não , obrigado.
Cheques em branco deste tipo só de quem não conhece os convivas do festim e de quem não tem nem princípios nem valores
Se essas justificações lhe aliviam a consciência, por mim tudo bem. E viva a geringonça!
ResponderEliminarÉ tarde na noite, porém o olho vesgo na barriga da direita do PS, fá-la desejar uma solução não partilhada à esquerda, gritar o grito de ipiranga e lançar-se no atoleiro neo-liberal, mais cedo que tarde. O PS não aprende com as crises
ResponderEliminardos seus congéres na europa.O PS quer se queira quer não joga nesta solução partilhada a sua subsistência. O país, como tal, o futuro, o povo,a esperança.Este é um momento importante do nosso país.
Assumam as suas responsabilidades, cidadãos.
rectificação a um breve comentário.
ResponderEliminaronde se l^O PS não joga", deve ler-se"joga"