PROCESSO CENTENO ARQUIVADO
Três
ou quatro dias depois das buscas no gabinete do Ministro das Finanças, Mário
Centeno, o Ministério Público arquivou o processo iniciado com base em suspeita
de “recebimento indevido de vantagem“ com a seguinte fundamentação: “Realizado o
inquérito, recolhida prova documental e pessoal necessária ao apuramento dos
factos, o MP concluiu pela não verificação do crime de
obtenção de vantagem indevida ou qualquer outro, uma vez que as circunstâncias concretas eram susceptíveis
de configurar adequação social e política própria de previsão legal”.
A fundamentação do arquivamento é institucionalmente numa vergonha e uma derrota; e juridicamente é incompreensível.
De facto, como se explica que o Ministério Público tenha em menos
de uma semana chegado à conclusão de que não havia crime? Aliás, se o MP continua
a afirmar que “as circunstâncias
concretas eram susceptíveis de configurar adequação social e política própria
de previsão legal”, como pode sem ter constituído o Ministro
arguido, sem sequer o ter ouvido, tanto quanto se sabe, tão categoricamente
concluir que não há crime? Como pode um acto tão grave como uma busca “exaustiva”
(diz o oficioso CM) ao Gabinete do Ministro das Finanças levar em dois ou três
dias úteis depois àquela conclusão? Foi
em consequência da análise de milhares de documentos em dois dias? Então,
se antes havia uma configuração capaz de integrar a previsão legal, como pode o
MP em tão poucos dias ser tão peremptório no despacho de arquivamento que mais
parece uma verdadeira sentença absolutória? Não seria ao menos de esperar um
despacho de arquivamento, aguardando melhor prova, daqui a um mês ou dois? Para
quem foi tão lesto a ir ao Gabinete do Ministro fazer buscas, numa verdadeira
entrada de leão, não será esta uma triste saída de sendeiro?
A explicação é fácil de dar e intui-se do título do último post: a “linha vermelha” tinha sido
ultrapassada aos olhos de quase todos. Então vejamos o que entretanto se
passou: a direita institucional, a Cristas, o Rangel, o Hugo Soares e outros começaram
por exultar com mais esta “prenda” do MP, embora numa contida, mas indisfarçável,
satisfação. O próprio Parlamento Europeu, para onde Rangel transferiu a maior
parte da sua actividade reaccionária, chegou a estar a postos. Só que
entretanto a direita não institucional, mais inteligente e experiente, logo
percebeu que esta era uma jogada “estúpida” como ela própria a classificou. De
Paulo Baldaia, a Miguel Júdice, passando por M.S. Tavares, entre outros, todos
foram unânimes em classificar esta actuação do MP como uma “estupidez”. Ou
seja, o MP estava a gastar as suas munições num combate perdido à partida, a
descredibilizar-se, entrando num caminho donde só poderia sair completamente
desautorizado e desprestigiado. Era necessário parar com o processo o mais
rapidamente possível para poder continuar a ter o protagonismo que tem tido. Para poder assegurar a recondução da PGR. E
foi isso que o MP fez…Só que o mal está feito e retrato que dele fica também.
Agora, só se espera que os documentos recolhidos no Gabinete do
Ministro não comecem daqui a uns tempos a aparecer nos jornais e revistas que habitualmente veiculam as matérias em segredo de justiça.
vergonha e despauterio num só momento nao lhe tirem o tapete ,Nao !
ResponderEliminarsó possível em gente vingativa e arrogante.